(POESIA,LITERATURA e a CULTURA em geral)»»»»»»»»»»»»»»»» "Só existe o tempo único. Só existe o Deus único. Só existe a promessa única, e da sua chama e das margens da página todos se incendeiam. Só existe a página única, o resto fica, em cinzas. Só existem o continente único, o mar único – entrando pelas fendas, batendo, rebentando correndo de lado a lado". __________ Robert Duncan
domingo, 30 de dezembro de 2007
Surrealismo I
Eu menino às onze horas e trinta minutos
a procurar o dia em que não te fale
feito de resistências e ameaças — Este mundo
compreende tanto no meio em que vive
tanto no que devemos pensar.
A experiência o contrário da raiz originária aliás
demasiado formal para que se possa acreditar
no mais rigoroso sentido da palavra.
Tanta metafísica eu e tu
que já não acreditamos como antes
diferentes daquilo que entendem os filósofos
— constitui uma realidade
que não consegue dominar (nem ele próprio)
as forças primitivas
quando já se tem pretendido ordens à vida humana
em conflito com outras surge agora
a necessidade dos Oásis Perdidos.
E vistas assim as coisas fragmentariamente é certo
e a custo na imensidão da desordem
a que terão de ser constantemente arrancadas
— são da máxima importância as Velhas Concepções
pois
a cada momento corremos grandes riscos
desconcertantes e de sinistra estranheza.
Resulta isto dum olhar rápido sobre a cidade desconhecida. Mais
E abstraindo dos versos que neste poema se referem ao mundo humano
vemos que ninguém até hoje se apossou do homem
como frágil véu que nos separa vedados e proibidos.
ANTÓNIO MARIA LISBOA
http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/antonio_maria_lisboa/poetas_antoniomarialisboa01.htm
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Traduções para o Finlandês
Acabam de ser traduzidos alguns poemas meus para o Finlandês pela poeta Rita Dahl e publicados no seu Blog: ARGENTOLA. Brevemente serão publicados alguns poemas meus na revista literária "Tuli & Savu".
Em homenagem ao POETA o poema (com tradução Finlandesa de Rita Dahl): Encontro com Herberto Helder
Há algures uma cidade interrompida onde a luz
já se vai perdendo prostrada entre as âncoras
como estiletes arejados enjaulados nas palavras,
deves ir pela tarde mágica das trovoadas ávidas
quando Cascais vai morrendo um pouco menos
apesar de o miolo da carne infindável ser sangue
emergindo como fungos atiçados junto à pele
em ciclos de intempéries e migrações filicídias,
vai procurá-lo nos jardins embora não te fale
(esquecerás que transportas o contágio das dores
as manhãs ressuscitarão secas sobre os espigões
ao longo das vozes aguçadas a cidade coagulada
ardendo nas candeias sob o ritual dos êmbolos),
pergunta na praça das súplicas enxutas dos velhos
por aquele homem que menstruou a sílaba nua
quando na cidade passava o ar odorífero das ilhas
ele que lutou nos campos da cal contra as cobras
para que a escassa estria ainda se ouça torrencial,
no absurdo da busca na casa do espectro da areia
reside a transparência materna os últimos dias
senta-te sob os salgueiros com a cabeça inclinada
ouve o vento e cheira as entranhas certas da morte
o corpo estilhaçando-se em múltiplas direcções,
pára não digas nada ao ouvido das nascentes
(enquanto escutas as patas frágeis da magnólia
bebe a cidade pelo sexo aberto das fêmeas azuis
guelras por onde resfolega toda a luz preambular
como se fosse a redentora faísca o corpo vegetal),
aí, junto à água, o engenho das bigornas brancas
o fogo das mãos sagazes ardendo como ofício puro
casulo entre as bilhas onde habita o bafo do poeta.
João Rasteiro
http://arjentola.blogspot.com/search/label/Jo%C3%A3o%20Rasteiro
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Pós-Natal
Algum dia o teu corpo alastrará
como cães sem boca e olhos esboroados
serás escondido em toalhas de musgo
um embrulho de carnes malditas
onde os indesejados pernoitam velados
nas noites em que os ecos se dissolvem nus.
Os teus irmãos esquecerão o teu aroma
como no principio divino dos abutres
no silêncio acercará alguém à cidade
para apagar os vestígios desnecessários
nas vozes que habitam os íntimos pomares
os frutos rutilantes nas escoras urbanas
nesse lugar tu estarás na dilatada blasfémia.
João Rasteiro
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Dia de Natal
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros. coitadinhos. nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra. louvado seja o Senhor!. o que nunca tinha pensado comprado.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.
António Gedeão
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
NATAL da Vida
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrêla a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sôbre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
domingo, 23 de dezembro de 2007
NATAL ANTIGO
HISTÓRIA ANTIGA
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
sábado, 22 de dezembro de 2007
NATAL
Deixarei os jardins a brilhar com seus olhos
Deixarei os jardins a brilhar com seus olhos
detidos: hei-de partir quando as flores chegarem
à sua imagem. Este verão concentrado
em cada espelho. O próprio
movimento o entenebrece. Mas chamejam os lábios
dos animais. Deixarei as constelações panorâmicas destes dias
internos.
Vou morrer assim, arfando
entre o mar fotográfico
e côncavo
e as paredes com as pérolas afundadas. E a lua desencadeia nas grutas
o sangue que se agrava.
Está cheio de candeias, o verão de onde se parte,
ígneo nessa criança
contemplada. Eu abandono estes jardins
ferozes, o génio
que soprou nos estúdios cavados. É a cólera que me leva
aos precipícios de agosto, e a mansidão
traz-me às janelas. São únicas as colinas como o ar
palpitante fechado num espelho. É a estação dos planetas.
Cada dia é um abismo atómico.
E o leite faz-se tenro durante
os eclipses. Bate em mim cada pancada do pedreiro
que talha no calcário a rosa congenital.
A carne, asfixiam-na os astros profundos nos casulos.
O verão é de azulejo.
É em nós que se encurva o nervo do arco
contra a flecha. Deus ataca-me
na candura. Fica, fria,
esta rede de jardins diante dos incêndios. E uma criança
dá a volta à noite, acesa completamente
pelas mãos.
Herberto Helder
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
O clarão repercute o movimento
ímpio o trovão batendo por dentro
dos lúzios.ramifica-se a limpidez
imputrescível a luz do instante na
revisitação da ave o lugar sagrado.
os jogos no círculo do presente o
absoluto princípio da construção
ilimitada da memória.na fractura
incisiva a pele em cada espelho no
desejo de excessos.o corpo aberto.
João Rasteiro
PRÉMIOS IX
A minha desforra são palavras.
domingo, 16 de dezembro de 2007
Já lentamente sofro a tua água, o sopro
da memória nas colinas.
deste-me um corpo, a casa
onde acordar o vento, e a terra, e a paz
desconhecida.
nesta cave de pele te implorei os dias
o óleo da manhã nas mãos desertas.
a cada instante me devora o gume
embotado da tua
luz sonora.
afasta do meu rosto a tua vã promessa. deixa
que seja brando o sono sem lembrança,
um chão de terra nua.
do teu jardim de chamas me despeço.
António Franco Alexandre
LIVROS
Não sei se é exagero, mas o poeta brasileiro Régis Bonvicino afirmou recentemente, ser Pedro Marqués de Armas, não só um belíssimo poeta, mas estar entre os melhores poetas jovens da actual poesia mundial.
Do livro Cabeças (Cabezas, vencedor do prémio UNEAC de Poesia 2001, em Cuba) o poema:
Na margem interior da fronteira, que outros preferem chamar beco sem saída, - B. matou-se.
Claro que todas as fronteiras são mentais, e no caso de B. melhor seria falar de duas.
De modo que B. se matou entre a margem interior e a crista de um pensamento que já não se desviava dele.
Para capultar-se, tomou aquelas raízes de um alcalóide que tinha classificado, e, lançando-se sobre a enxerga de troços fusiformes, encontrou por fim o que buscava: rua de uma só direcção em que todos os números estão apagados, e os brancos pedúnculos mentais desvanecem-se numa matéria de sonho.
Pedro Marqués de Armas
(Tradução de Jorge Melícias)
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Poderias deter as tuas garras
entre as veias espantadas
dos corpos
quando a morte desce pelas mãos
os gumes do deslumbramento,
a voz fende os olhos
do homem que te escuta
a razão do efémero
no instantâneo beijo do punhal
odores perfumando a despedida
a indómita orgia sísmica e aromática.
Disposto o corpo à sua contrição
só o luar é humano
escasso foi o fulgor das vozes
depois o cheiro do sangue inebria
o abismo irrompendo das têmporas
um turbilhão de sulcos víboras urbanas
como monstros em labaredas genuínas.
João Rasteiro
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Porque deste a teu filho asas de plumagem e ceras
e o sol todo-poderoso no alto as desfaria?
Não me ouviu, de tão longe, porém pensei que disse:
todos os filhos são Ícaros que vão morrer no mar.
Depois regressam, pródigos, ao amor entre o sangue
dos que eram e dos que são agora, filhos dos filhos.
Fiama Hasse Pais Brandão
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
A apresentação estará a cargo de Graça Capinha, e a Organização estará a cargo da Oficina de Poesia da FLUC e do Projecto de investigação “Novas Poéticas de Resistência”.
domingo, 9 de dezembro de 2007
Ah! não ser eu toda a gente e toda a parte...
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Como as outras,
Ridículas.
Têm de ser
Ridículas.
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).
sábado, 8 de dezembro de 2007
Tem sol adentro tem a voz semente,
como se a sílaba pudesse desassombrar a luz
o cheiro espesso e biófilo das coisas esquecidas
bocas como abóbadas sitiando as luminárias
no eixo do relâmpago os rebentos viçosos
perfumes de todos os bálsamos de Jerusalém
vozes em silício dentro do rosto das águas
a paixão do fogo numa última saudação ao sol.
João Rasteiro
Prémios VIII
Esta obra será apresentada numa edição trilíngue, Sefardita, Castelhano e e traduzida para o Português pelo poeta e ensaísta brasileiro, Andityas Soares de Moura, que em 2007 traduziu(publicação no Brasil) o livro "Com/posiciones".
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
A nodosidade sónica da cidade limítrofe é flanqueada geograficamente
pela salsa-dos-pântanos
onde a mecânica das especiarias liberta as acrobacias do fogo de artificio
sobre os cronómetros das
crises alérgicas
Os cineastas fundadores das espreguiçadeiras de
néons isolam as bandeiras das povoações
nos bastidores mediterrânicos das colheitas
onde as escaladas da coreógrafa coleccionam as dramaturgias das
chuvas que electrificam a basculante da claridade
Os mosaicos-anémonas dos hóspedes desintegram-se nas
sonoridades das máscaras equatoriais
parecem canais de irrigação aos solavancos
entre os
adereços indígenas que radiografam os sismógrafos das fertilizações das comédias
A desdobragem óptica da cronologia estilhaça a quadrícula dos miradouros
e os comboios gráficos computorizam os atlas dos antologiadores
como se encadeassem
copiosamente as colisões do circo botânico
onde os báculos hidromecânicos aperfeiçoam
o borrifo ignescente do mineral
angulómetro sobre as oficinas das homenagens das trompetas
que urdem as ataduras do sul do amendoal dos
pulmões
As fitas dos vídeos arqueiam na marginalidade cerâmica dos emissários
e o resgatamento cartográfico do fotojornalista é liminarmente entoado
entre as papoilas dos
tenores
onde as teclas equestres das partituras julgam
as gralhas das montanhas russas
que as malas das alegorias colonizaram
sobre a nidificação dos ícones do elenco das
paleontólogas.
Luís Serguilha
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/portugal/luis_serguilha.html
domingo, 2 de dezembro de 2007
As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo,
As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.
É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas
Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos
As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.
Daniel Faria
http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/daniel_faria/poetas_danielfaria01.htm
sábado, 1 de dezembro de 2007
Caos
Agora o corpo fala de pássaros
anunciando a erosão rente à língua
o presságio que rasga o linho
o derrame da semente ao morrer.
Assusta-me o vidro dos olhos
esmagando-se no vértice da linha
a dormência ávida das águas
na rotação da última palavra.
Esta é a nudez intacta da luz
o ar na vibração do corpo
o cheiro agreste e puro da cânfora
o peso dos dedos sob o espanto.
João Rasteiro
PRÉMIOS VII
O escritor Fernando Guimarães, de 79 anos, venceu o Grande Prémio de Poesia de 2006 da Associação Portuguesa de Escritores (APE) pela obra "Na voz de um nome".Segundo a APE, o poeta portuense foi escolhido por unanimidade pelo júri. Esta é a segunda vez que a APE distingue Fernando Guimarães com o Grande Prémio de Poesia depois de ter sido galardoado em 1992 por conta da obra "O anel débil". Este galardão tem um valor monetário de cinco mil euros. O autor publica regularmente desde a década de 50, sobretudo poesia e ensaio sobre literatura e filosofia da arte. O prémio da APE junta-se a várias distinções que Fernando Guimarães recebeu já pela sua obra poética, entre os quais Prémio D. Dinis (1985), da Fundação Casa de Mateus, Pen Clube (1988) e Fundação Luís Miguel Nava (2003).
Colaborador de algumas publicações estrangeiras, como o Courrier du Centre International d' Études Poétiques, Tijdschript voor Poezie, ou Europe, podem encontrar-se textos seus, de ensaio e crítica de poesia, avulsamente publicados em revistas e jornais portugueses dos últimos quarenta anos. Actualmente é colaborador permanente do Jornal de Letras.
Acerca do sentido [2]
Que limites existem para a luz? Veio alguém acender
Lições de Trevas, Quasi Edições, 2002
Fernando Guimarães