(POESIA,LITERATURA e a CULTURA em geral)»»»»»»»»»»»»»»»» "Só existe o tempo único. Só existe o Deus único. Só existe a promessa única, e da sua chama e das margens da página todos se incendeiam. Só existe a página única, o resto fica, em cinzas. Só existem o continente único, o mar único – entrando pelas fendas, batendo, rebentando correndo de lado a lado". __________ Robert Duncan
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Traduções para o Finlandês
Acabam de ser traduzidos alguns poemas meus para o Finlandês pela poeta Rita Dahl e publicados no seu Blog: ARGENTOLA. Brevemente serão publicados alguns poemas meus na revista literária "Tuli & Savu".
Em homenagem ao POETA o poema (com tradução Finlandesa de Rita Dahl): Encontro com Herberto Helder
Há algures uma cidade interrompida onde a luz
já se vai perdendo prostrada entre as âncoras
como estiletes arejados enjaulados nas palavras,
deves ir pela tarde mágica das trovoadas ávidas
quando Cascais vai morrendo um pouco menos
apesar de o miolo da carne infindável ser sangue
emergindo como fungos atiçados junto à pele
em ciclos de intempéries e migrações filicídias,
vai procurá-lo nos jardins embora não te fale
(esquecerás que transportas o contágio das dores
as manhãs ressuscitarão secas sobre os espigões
ao longo das vozes aguçadas a cidade coagulada
ardendo nas candeias sob o ritual dos êmbolos),
pergunta na praça das súplicas enxutas dos velhos
por aquele homem que menstruou a sílaba nua
quando na cidade passava o ar odorífero das ilhas
ele que lutou nos campos da cal contra as cobras
para que a escassa estria ainda se ouça torrencial,
no absurdo da busca na casa do espectro da areia
reside a transparência materna os últimos dias
senta-te sob os salgueiros com a cabeça inclinada
ouve o vento e cheira as entranhas certas da morte
o corpo estilhaçando-se em múltiplas direcções,
pára não digas nada ao ouvido das nascentes
(enquanto escutas as patas frágeis da magnólia
bebe a cidade pelo sexo aberto das fêmeas azuis
guelras por onde resfolega toda a luz preambular
como se fosse a redentora faísca o corpo vegetal),
aí, junto à água, o engenho das bigornas brancas
o fogo das mãos sagazes ardendo como ofício puro
casulo entre as bilhas onde habita o bafo do poeta.
João Rasteiro
http://arjentola.blogspot.com/search/label/Jo%C3%A3o%20Rasteiro
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário