A casa do mundo
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Aquilo que às vezes parece
um sinal no rosto
é a casa do mundo
é um armário poderoso
com tecidos sanguíneos guardados
e a sua tribo de portas sensíveis.
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Cheira a teias eróticas. Arca delirante
arca sobre o cheiro a mar de amar.
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Mar fresco. Muros romanos. Toda a música.
O corredor lembra uma corda suspensa entre
os Pirinéus, as janelas entre faces gregas.
Janelas que cheiram ao ar de fora
à núpcia do ar com a casa ardente.
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Luzindo cheguei à porta.
Interrompo os objectos de família, atiro-lhes
a porta.
Acendo os interruptores, acendo a interrupção,
as novas paisagens têm cabeça, a luz
é uma pintura clara, mais claramente lembro:
uma porta, um armário, aquela casa.
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Um espelho verde de face oval
é que parece uma lata de conservas dilatada
com um tubarão a revirar-se no estômago
no fígado, nos rins, nos tecidos sanguíneos.
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É a casa do mundo: desaparece em seguida.
Luiza Neto Jorge, "O seu a seu tempo"
3 comentários:
"(...)onde me senti nascer/regresso agora/na frescura dos amieiros/como os reis com sede de sombra/no caminho único da tua minha eternidade."
Hoje, neste lugar, uma Estrela faz anos. A tua primeira estrela.
Para ambos, um grande abraço de parabéns.
Maria João Oliveira
Maria João, obrigado pela lembrança. Um beijinho grande,
joão
pelos vistos o menino faz anos e...nada diz .Fica um abraço grande
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