Joseph Brodsky nasceu em 25 de Maio de 1940 em Leningrado - Rússia. Começou a publicar poesia em 1958, essencialmente em revistas clandestinas. Logicamente foi perseguido e preso na década de 60. Acabou condenado a um campo de trabalho no norte da Rússia. Mais tarde foi expulso da Rússia em 1972, passando a morar nos Estados Unidos onde se veio a naturalizar cidadão norte-americano. Aí, começou por traduzir a sua poesia para o inglês e a escrever essencialmente nessa língua. Em 1987, obteve o Prêmio Nobel de Literatura. Morreu em Nova York, em 1996, com 56 anos, sem nunca mais ter voltado ao seu país natal, onde a sua extraordinária obra só veio a ser publicada em grande escala, após a derrocada da União Soviética, em 1991. Actualmente encontra-se sepultado no cemitério da ilha de San Michelle, em Veneza, Itália, junto de outros dois russos ilustres, Diaghliev e Stravinsky.
Tendo sempre predominado na sua poesia uma "estética de vida", onde coexistem os assuntos do tempo (a voz do futuro) e do espaço (o eco da cidade), da dignidade e da política, da honra e do orgulho, do amor e da morte. As metáforas em Brodsky, como refere Carlos Leite, seu tradutor para o português, "geralmente não são precisas em termos visuais, mas improváveis, exageradas, implausíveis mesmo. Decorrem mais da persistência do pensamento, da dificuldade de pensar, do que do simples olhar, fotográfico ou contemplativo.” É sem dúvida um dos grandes poetas da segunda metade do século XX, que continua a merecer ser redescoberto.
M.B.Querida, hoje saí de casa já muito ao fim da tarde
para respirar o ar fresco que vinha do oceano.
O sol fundia-se como um leque vermelho no teatro
e uma nuvem erguia a cauda enorme como um piano.
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Há um quarto de século adoravas tâmaras e carne no braseiro,
tentavas o canto, fazias desenhos num bloco-notas,
divertias-te comigo, mas depois encontraste um engenheiro~
e, a julgar pelas cartas, tomaste-te aflitivamente idiota.
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Ultimamente têm-te visto em igrejas da capital e da província,
em missas de defuntos pelos nossos comuns amigos; agora
não param (as missas). E alegra-me que no mundo existam ainda
distâncias mais inconcebíveis que a que nos separa.
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Não me interpretes mal: a tua voz, o teu corpo, o teu nome
já não mexem com nada cá dentro. Não que alguém os destruísse,
só que um homem, para esquecer uma vida, precisa pelo menos
de viver outra ainda. E eu há muito que gastei tudo isso.
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Tu tiveste sorte: onde estarias para sempre – salvo talvez
numa fotografia - de sorriso trocista, sem uma ruga, jovem, alegre?
Pois o tempo, ao dar de caras com a memória, reconhece a invalidez
dos seus direitos. Fumo no escuro e respiro as algas podres.
..........................................................Joseph Brodsky
In "Paisagem com Inundação”, traduzido do russo por Carlos Leite
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/NLJoBrod.html
http://revistaliterariaazularte.blogspot.com/2008/01/joseph-brodskypoesa-revista-arquitrave.html
http://poemaseningles.blogspot.com/2003/04/joseph-brodsky.html
http://www.mgrande.com/weblog/index.php/partosdepandora/comments/seria_hoje_dia_do_seu_aniversario/
2 comentários:
E o(s) condicionante(s)?
obrigada pela (re)descoberta
imperdível!
.
um beijo ,John,John
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