domingo, 27 de junho de 2010

NOVAS ROTAS

Saiu recentemente o último número da revista online brasileira ZUNÁI, dirigida pelo poeta Claudio Daniel. Este número conta com poetas como, Horácio Costa, Wilson Bueno, Ya Feng, Virna Teixeira, Leo Lobos ou Micheliny Verunschk; uma entrevista ao Angolano João Maimona, uma mostra de poesia Persa/Iraniana, Traduções, contos, ensaios, etc. E conta ainda com a secção especial, desta vez dedicada ao haicai, que para além de alguns textos/ensaios sobre o haicai, conta com um conjunto de poemas/haicais de Teruko Oda, Alfredo Fressia, Maria de Fátima, Casimiro de Brito, Claudio Daniel, João Rasteiro, José Kozer e Maria Alice Vasconcelos.
Seguem-se três dos meus haicais seleccionados pelo Claudio Daniel.
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Abri a passagem:
A terra chegou-me
até à garganta.
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É possível cogitar a mariposa,
pelas crias não há compaixão
porque da água ferve o sangue.
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Como decifrar a ira do clarão
se é do eixo da luz que cego
e da soldadura que agora rezo?
................................João Rasteiro
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http://www.revistazunai.com/

2 comentários:

Luís Costa disse...

João, como sempre é interessante passar por aqui. Gostei de ler.
No que diz respeito ao haiku ou haikai, composiçao poética fixa mais curta da poesia universal, quze na sua forma tradicional é formado por uma estrofe de três versos, com uma totalidade de 17 sílabas: 5 no primeiro e último versos , 7 no segundo ).
Não sei se o poeta ocidental se conseguirá algum dia movimentar com a perfeição dos japoneses neste género de composição poética tão oriental na sua essência. Penso, no entanto, que ao poeta que se aventure por estes " mares " será proveitoso conhecer sobretudo o budismo zen.
Contudo, há alguns poetas ocidentais que conseguiram, até certo ponto , atingir a perfeição de um Bashô. cito aqui os maravilhosos Haikus de um Tomas Tranströmer que são dos poucos que conseguem atingir, adentro da poesia ocidental, a atmosfera tão própria do Haiku, que está sobretudo assente na força de uma imagem sugestiva, ou seja, na sugestão. O haiku é sobretudo impessoal, mesmo anti-emocional. Ao leitor cabe a tarefa de o completar.
Há um livro de Donald Keen " Japanese Literature " ( vim a conhecê-lo por meio da leitura de um ensaio que Octavio Paz escreveu sobre o Haiku ) muito bom, escrito numa língua clara e simples que ajuda o leitor e poeta ocidental a compreender a verdadeira essência do haiku.

Abraço:

Luís

João Rasteiro disse...

Claro que o haiku tradicional, respeita o nº de sílabas que referiste Luís.
Eu não o faço, por achar que se o fizesse sair-me-ia um haiku/poema plástico, LOGO, o que eu fiz foi uma espécie de haiku (mais na forma e no objectivo, do que no respeito integral da forma e da métrica), mas, não desgostei do conseguido.
Abraço de Coimbra,

joão