O desconcerto de deus
I
.a lâmina arfou sobre a dicção do seu canto no flanco disponível da fêmea ungida em sua extremidade viva. alumbrado o seu sangue esguicha nas minhas mãos acesas nos prumos nocturnos do estio. e não rastejas ainda no pó sedutor da terra redimida nas esporas do ocidente. a carne sem vida e misericórdia excita-se dobrando o verbo contra o barro como um feixe de ardósias negras. agora sabe apenas à coalescência dos líquidos e há uma flor demasiado hirta e mulheres como varas espavoridas e risos aterrorizantes de animais com cio. e o céu brilha sumptuoso em suas cabeças de víboras admiravelmente impuras e sublimes. dirás as paisagens como os especados anjos que despojam crianças dos sonhos dos besouros escondendo-lhes as conchas das lágrimas. a profecia das mulheres adúlteras e das concubinas com fala revelou-se como os frutos que flutuam sobre o bojo inclinado das auroras embebido entre os sexos alegóricos e o fuso alucinado da divindade. as vísceras escorrem da boca umas das outras como cobras de cabeças voluptas e contemplativas em seu útero. o desejo das mãos iluminado por todos os outros desejos das garras dementes na ruína das coisas sem dimensão amou as arestas das carótides na indivisa cópula dos corpos inquietos. é o equilíbrio monstruoso.
João Rasteiro
I
.a lâmina arfou sobre a dicção do seu canto no flanco disponível da fêmea ungida em sua extremidade viva. alumbrado o seu sangue esguicha nas minhas mãos acesas nos prumos nocturnos do estio. e não rastejas ainda no pó sedutor da terra redimida nas esporas do ocidente. a carne sem vida e misericórdia excita-se dobrando o verbo contra o barro como um feixe de ardósias negras. agora sabe apenas à coalescência dos líquidos e há uma flor demasiado hirta e mulheres como varas espavoridas e risos aterrorizantes de animais com cio. e o céu brilha sumptuoso em suas cabeças de víboras admiravelmente impuras e sublimes. dirás as paisagens como os especados anjos que despojam crianças dos sonhos dos besouros escondendo-lhes as conchas das lágrimas. a profecia das mulheres adúlteras e das concubinas com fala revelou-se como os frutos que flutuam sobre o bojo inclinado das auroras embebido entre os sexos alegóricos e o fuso alucinado da divindade. as vísceras escorrem da boca umas das outras como cobras de cabeças voluptas e contemplativas em seu útero. o desejo das mãos iluminado por todos os outros desejos das garras dementes na ruína das coisas sem dimensão amou as arestas das carótides na indivisa cópula dos corpos inquietos. é o equilíbrio monstruoso.
João Rasteiro
L. Pavarotti - Ave Maria - Schubert
5 comentários:
Então companheiro. Belo poema(ou parte?). Estás a mudar um pouco a escrita, parece-mw.Mas esta escrita é muito forte. Gostei.Um abraço.
Carlos S. Torrado
p.s. quando é que apareces para um almoço do grupo?
um poema incomensurável, joão. e o saudoso pavarotti no centro do arco! não há outra ave maria como esta do schubert :) um prazer triplo ter-te visitado hoje. um grande beijinho.
lindo poema com muitos úteros, lâminas e sangues qb mas muito bonito. e inédito. e orgasmos
jamais ,meu amigo ,o equilíbrio é mosntruoso .monstruoso será o desiquilíbrio de um equilibrista reformado
fica.me ,no entanto ,a BELEZA do poema
.
um beijo ,João
Gabriela, o equilíbrio é verdadeiramente monstruoso, porque força de forma infame e abstracta as raízes da desordem. O caos e as suas pontas sagradas será sempre o maravilhoso percurso do verbo...
Beijinho amigo/amiga,
joão
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