......................João Cutileiro ("Desenho 33*35")
O júri dos Prémios de Revelação APE/Guimarães Editores – 2008, constituído por Ana Marques Gastão, Miguel Real e Serafina Martins, deliberou, por unanimidade, não premiar nenhum dos trabalhos inéditos concorrentes, nas modalidades de Poesia e de Ensaio Literário.
Neste júri, onde apenas "temos" uma poeta, o mesmo entendeu não existir qualidade, ou a sua exigência de poesia (de leitura, não de escrita!!!) para atribuir o prémio Revelação APE/Guimarães Editores é muito grande. Coisas da Poesia, da APE, ou até da Guimarães Editores?
Assim, publico o poema de Ângela Canez, uma jovem poeta (sem livro publicado) que integra a "OFICINA de POESIA da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
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perdidamente o rastro
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perdidamente o rastro
o que fica da ausência rasgada nos aquedutos
na pele voltada à estéril lembrança
de mulheres que caminham sobre as águas
e não se afundam não tornam a amanhecer
nem se consomem nas chamas
porque é tarde. demais e acrescentam à vida
uma réstia de silêncio. pouco mais
uma réstia de artefactos objectos comuns
para violentar a dor o que dói e fica
e alastra e é ainda maior porque anoitece
no quarto vazio onde já não vivem
nem se abrigam da chuva
que os homens plantam ou fazem cair na memória
baixinho. assim inteira
retirando aos poucos o acaso
o vazio que é e aumenta a certeza de que ninguém virá
lá onde o corpo dói e funda
e aumenta e afunda um pouco mais. porque é tarde
e já deviam ter voltado da incursão
ao centro das águas. dos corpos depostos
onde já não dormem
ninguém vive
onde já não se vive
.............fartos de lembrar
o que fica da ausência rasgada nos aquedutos
na pele voltada à estéril lembrança
de mulheres que caminham sobre as águas
e não se afundam não tornam a amanhecer
nem se consomem nas chamas
porque é tarde. demais e acrescentam à vida
uma réstia de silêncio. pouco mais
uma réstia de artefactos objectos comuns
para violentar a dor o que dói e fica
e alastra e é ainda maior porque anoitece
no quarto vazio onde já não vivem
nem se abrigam da chuva
que os homens plantam ou fazem cair na memória
baixinho. assim inteira
retirando aos poucos o acaso
o vazio que é e aumenta a certeza de que ninguém virá
lá onde o corpo dói e funda
e aumenta e afunda um pouco mais. porque é tarde
e já deviam ter voltado da incursão
ao centro das águas. dos corpos depostos
onde já não dormem
ninguém vive
onde já não se vive
.............fartos de lembrar
..............................Ângela Canez
...............The Legendary Tiger Man - Route 66
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