segunda-feira, 31 de maio de 2010

PORTUGUESIA

Quarta e Quinta-feira, estarei em Vila Nova de Famalicão, mais concretamente em S. Miguel de Seide, na Casa de Camilo, no PORTUGUESIA 2010, evento e projecto, sonhados pelo poeta brasileiro Wilmar Silva, contando a valiosa colaboração do poeta Luís Serguilha e da Câmara de Vila Nova de Famalicão. No dia 03 pelas 1ohoo, na PERFORMANCE ‘GUESAS LIVRES’, lerei conjuntamente com Minês Castanheira e Tony Tcheka. No mesmo dia pelas 17h30, conjuntamente com Aureliano Costa e Fernando Aguiar, com moderação (provocadora) da brasileira Susana Vargas, integrarei o painel: PROVOCAÇÃO PORTUGUESIA: GEOPOESIS DAS MARGENS. MEDULAS DE DIÁLOGO: POETAS METAFORMOSEADORES.
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Decorre na quarta e na quinta-feira, em Vila Nova de Famalicão, projecto «Portuguesia» – Festa da Poesia Lusófona, que terá entre os destaques do programa o recital de poesia de Fernando Pessoa protagonizado pela actriz Telma Costa.
Nesta segunda edição, são homenageados grandes poetas portugueses: António Ramos Rosa, E.M. de Melo e Castro, Al Berto e Fernando Pessoa.
São esperados na Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide, mais de trinta poetas do Brasil, Portugal, Guiné-Bissau e Angola, segundo a organização.
A instalação «Portuguesia Trans-Atlas» de Regina Mello nos jardins da Casa de Camilo, dará início ao evento na quarta-feira, pelas 10:00 horas. A obra transpõe os 101 poemas da «Contra-Antologia» editada em 2009 para 101 metros lineares de folhas, «espalhando-os pelos cantos dos jardins», «associando-lhe a sua audição sonora».
A projecção de um vídeo com registos de declamações de 18 poetas guineenses vai dar sequência ao DVD apresentado em 2009, com poetas brasileiros, portugueses e cabo-verdianos
(Diário Digital).
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A casa do romancista Camilo Castelo Branco, em Vila Nova de Famalicão, abre portas nos dias 2 e 3 de Junho, à Portuguesia, Festa da Poesia Lusófona, um projecto linguístico que conta com a presença trinta poetas do Brasil, Portugal, Guiné-Bissau e Angola. Durante os dois dias do evento, serão recitadas e debatidas as novas e diferentes formas da expressão poética contemporânea escrita em português. Promovido pelo poeta brasileiro Wilmar Silva, em colaboração com o município de Vila Nova de Famalicão, o projecto Portuguesia decorre pelo segundo ano consecutivo, explorando o contraste de vozes poéticas e debatendo políticas de linguagens, no idioma de Camões. Subordinada ao tema "Minas entre Povos da Mesma Língua - Antropologia de uma Poética", a iniciativa tem chamado a atenção de poetas e críticos da lusofonia, sendo objecto de reflexão sobre a língua e as suas poéticas, a poesia e as suas linguagens. Para Wilmar Silva, autor da obra poética "Yguarani", a "Portuguesia expande os territórios da poesia com o desejo de pensar sobre a lusofonia no sentido antropológico da palavra. Tanto que defende a poética dos autores de línguas portuguesas como fundamental para se pensar em políticas de aproximação entre os povos de língua portuguesa e os povos de todas as línguas".Por sua vez, para o presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Armindo Costa, "os países lusófonos ainda se ocupam pouco em estudar as diferenças linguísticas que enriquecem a língua". "A Portuguesia tem essa ambição, de rasgar horizontes, de ser o ponto de encontro e cais de partida das rotas intercontinentais da língua de Camões".Para além dos debates e recitais de poesia, o programa da Portuguesia apresenta ainda os espectáculos "A Maresia do Mundo", "Quatro Cantos do Caos", "Tropofonia" e "Telma em Pessoa", em homenagem a António Ramos Rosa, Melo e Castro, Al Berto, Fernando Pessoa. Referência também para "Guesas Livres", um ciclo de performances com as línguas da poesia na voz dos próprios poetas, criadores que ecoam o idioma da humanidade.O evento ficará ainda marcado pelo lançamento do primeiro volume do Livro DVD com 101 poetas de Portugal, Guiné-Bissau, Cabo-Verde e Brasil, publicado pela Anome Livros, e que apresenta cinco poemas de cada um dos autores. O dvd encartado ao livro é composto por duas horas de vídeo poesia (O Notícias da Trofa).
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Este ano, os poetas convidados da PORTUGUESIA são: BRASIL: Ana Maria Ramiro, Francesco Napoli, Gilberto Mauro, Karla Melo, Marcelo Costa Baiotto, Márcio-André, Telma da Costa, Regina Mello, Ronaldo Werneck, Suzana Vargas, Zéfere, Wilmar Silva PORTUGAL: Américo Teixeira Moreira, Aurelino Costa, Carlos Vinagre, Cunha de Leiradella, Fernando Aguiar, Frederico Silva, João Miguel Henriques, João Negreiros, João Rasteiro, João Ventura, Jorge Melícias, Jorge Velhote, Luís Filipe Cristóvão, Luís Serguilha, Minês Castanheira, Teresa Tudela GUINÉ-BISSAU: Tony Tcheka ANGOLA: João Melo
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Segue-se o mágico link do blog oficial da PORTUGUESIA: http://www.portuguesia.com.br/
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Rouxinol e Gloxíneas de Wilmar Silva por Reynaldo Bessa

domingo, 23 de maio de 2010

AS LÍNGUAS DA POESIA

De 27 a 29 de maio de 2010 ocorrerá na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e em outros pontos da cidade de Coimbra, o VII Encontro Internacional de Poetas. Os Encontros Internacionais de Poetas são organizados trienalmente pelo Grupo de Estudos Anglo-Americanos (GEA-A) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra desde 1992 e têm tido um papel ímpar para uma apreciação mais rigorosa da poesia, para uma contextualização mais vasta do fenômeno poético em Portugal, e muito particularmente para a divulgação e consolidação da poesia portuguesa a nível internacional.A edição de 2010 subordina-se ao tema “As Línguas da Poesia”. Pretende refletir sobre as mais diversas manifestações da poesia e os modos como ela diz o mundo, do puro canto à celebração, da proclamação ao silêncio, da intervenção à resistência, das continuidades às rupturas.A estrutura do evento tem por base leituras de poesia na língua original pelos poetas participantes, performances e sessões de caráter teórico sobre poesia. A partir da Universidade, os Encontros têm alargado substancialmente o público da poesia, na concretização do próprio conceito de Univer-cidade, que foi também desde o início um dos objetivos, do evento, com leituras e performances em espaços tão diferenciados da cidade e arredores como cafés e galerias, museus e o mercado municipal.Da programação dos Encontros consta a publicação de uma edição bilíngue dos poetas participantes, tendo sido publicados já cinco volumes de Poesia do Mundo (Edições Afrontamento e Palimage Editores). Desde 1992 até hoje, os Encontros ganharam uma reputação internacional enquanto acontecimento único em que línguas e tradições poéticas se encontram e dialogam.O impacto nacional e internacional do evento é facilmente atestado se levarmos em conta que, ao longo dos últimos 18 anos, os Encontros Internacionais de Poetas trouxeram a Portugal mais de duas centenas de poetas de países, línguas e culturas muito diversas, dos cinco continentes e, até esta data, de 41 países diferentes: dos Estados Unidos da América à Tailândia, de Angola à Nova Zelândia, passando pela Suécia, Canadá e Israel, Rússia, China e Palestina, podendo a lista completa do/as poetas presentes nas várias edições do evento ser consultada em ( http://www1.ci.uc.pt/poetas/pessoas/pessoas.htm ) A consolidação dos Encontros Internacionais de Poetas foi provada com a concretização, em 2007, do Programa de Residências para Artistas na aldeia histórica de Monsanto, programa que já trouxe a Portugal seis poetas de países diferentes desde então ( http://www1.ci.uc.pt/poetas/home.htm ). Para o VII Encontro Internacional de Poetas, em 2010, estão confirmadas as presenças de: Charles Bernstein, Próspero Saíz e Ntozake Shange (Estados Unidos), Marlene Nourbese Philip (Trinidad e Tobago/Canadá), Liana Sakelliou (Grécia), Amina Said (Tunísia/França), Ch´aska Eugeni Anka (Peru), Delmar Gonçalves (Moçambique), Uxue Alberdi e Miren Artetxe (Espanha/País Basco), Régis Bonvicino, Wilmar Silva, Dona Nice e Camila do Vale F. de Miranda (Brasil), Ana Blandiana (Romênia), Stephanos Stephanides (Chipre), Moya Cannon (República da Irlanda), Manuel Rui (Angola), Maria Teresa Horta, Helga Moreira e Pedro Sena-Lino (Portugal) e poetas da Oficina de Poesia da FLUC – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. - In, SIBILA ( http://www.sibila.com.br/ ).
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Para além de ir acompanhar os Encontros ao longo dos 3 dias, no dia 28 às 22hoo, efectuarei uma leitura, integrado na OFICINA de POESIA, na Escola de Hotelaria de Coimbra e no dia 29, pelas 12h00, no Teatro Paulo Quintela, F.L.U.C., efectuar-se-á o lançamento da antologia poética Poesia do Mundo 6, que reúne a poesia dos poetas que em 2007 integraram o VI Encontro Internacional de Poetas, e no qual tive o prazer de ser incluído.

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http://www1.ci.uc.pt/poetas/pessoas/pessoas.htm

terça-feira, 18 de maio de 2010

ECOS

No sábado, 22 de Maio, pelas 17hoo a antologia de poesia sobre música "Divina Música" editada pela Proviseu - Associação para a Promoção de Viseu e Região, com organização do poeta Amadeu Baptista e capa de Inês Ramos, terá a sua primeira apresentação pública no Auditório do Conservatório Regional de Música de Viseu. Esta apresentação estará integrada nas comemorações do 25º Aniversário do Conservatório Regional de Música de Viseu (1985-2010).
A programação integra uma participação musical (classe de Canto e Coros do Conservatório) e leitura de poemas por alguns autores representados na Antologia. As intervençôes musicais, que estão definidas, serão intercaladas pela leitura de poemas ao longo da sessão. Lá estarei para ler o meu poema (*). A festa será bonita concerteza.
Segue-se o poema Vo disperato a morte, de Francisco Curate, incluído na antologia:
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Que corpo, senão a tristeza do corpo?
Peco por solecismo, o homem nega-se
e cedo declina a nota impossível.
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Guardo a voz nas memórias de Capranica:
na passagi fogoso, um tanto arbitrário
nas mudanças (até nisso perfeito).
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Não basta esta miséria, a mitologia
da perda? Descerro os olhos
na revelação do vislumbrado, gesto
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maduro da rejeição. Acolho na sombra
a sombra ferida capada de uma voz,
o desleixo ingénuo de um deus profícuo.
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Sobrevive em nome, Il Cusanino.
............................Francisco Curate
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quinta-feira, 13 de maio de 2010

ROTAS

HERANÇA

A única herança do meu pai
[disse Yusuf ibn al-Sayj al-Balawi]
foi uns enormes testículos.

Que grande legado, pensou,
que grande legado.
......................Tradução de João Rasteiro

HERENCIA

La única herencia de mi padre
[dijo Yusuf ibn-Sayj al-Balawi]
fue unos grandes testículos.

Qué gran legado, pensó,
qué gran legado.
.............Harold Alvarado Tenorio
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......................................OS VAMPIROS - Zeca Afonso

sábado, 8 de maio de 2010

ESPAÇOS

o lugar perdido
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Todas as crias se revelam às mães
como a precisão angular
do pecado.
O corpo alastra ígneo e selvagem
sobre a cabeça do mundo
e os úteros do soluço
atulham as bocas
que abrigam a jurisdição
da violência das vísceras da promessa.
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Pois existe um lugar encantatório,
secreto e inacessível,
entre a labareda e as trevas
onde não invadem os deuses nem o medo.
As criaturas carnívoras
são transversais à floresta
que sustem o prumo do suicídio.
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São como negras magnólias que choram
porque mastigam as palavras
pelos olhos
acreditando que o que impede
a injunção do milagre
é a palavra que adultera o crisântemo branco.
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Talvez seja possível a derradeira visão
e ela amadureça o gesto da morte
por dentro do lugar
que impõem a lisura do sacrifício.
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Essa que alimenta o pudor sitiado
e os sonhos imberbes
até que ao extermínio sucumba o fogo exposto,
a sílaba inócua em seu ordálio
um lugar ao centro no inferno da língua.
................................João Rasteiro
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domingo, 2 de maio de 2010

VISÃO TOLD(O)ADA

Surgiu recentemente de forma avassaladora, surpreendente e polémica, a obra de um "novo" poeta chamado Joaquim Manuel Magalhães, intitulada Toldo Vermelho. Por acaso há quem veja nele indícios de um outro poeta, infelizmente "já falecido", que também se chamava Joaquim Manuel Magalhães.
Confusão, brincadeira, provocação? Na verdade, se Toldo Vermelho termina com a seguinte nota: “Este volume constitui a minha obra poética até 2001, a que acrescento um poema publicado em 2005. Exclui e substitui toda a anterior”, estamos então na presença de um novo poeta!
A verdade é que, se é perfeitamente legitimo tal acto, uma vez que Joaquim Manuel Magalhães é para o bem e para o mal (infelizmente, penso que para o mal) dono e senhor da sua obra, logo poderá fazer dela o que bem entender (mesmo querer apagá-la), só na sua imaginação (ou falta dela) ou mente told(o)ada, poderia ser concebida a ideia de "apagar" aquilo que existe, que está aí, nas bibliotecas, nas casas particulares, nos livros, nos poemas e essencialmente, na influência em vários poetas, não esquecer que o autor se afirmou como a figura tutelar de uma corrente estilística que ao longo das últimas décadas (vide Manuel de Freitas, Rui Pires Cabral, Ana Paula Inácio e outros) se tornou algo central na poesia portuguesa: o prosaísmo e um discurso poético-narrativo assente na permanente olhar e atenção ao quotidiano. Assim, estes poetas em autêntica angústia questionam: se me influenciei em um poeta/poética que não existe/não deverá existir, então a minha poética existe?). Como já comentou o poeta Luís Quintais: "Terá agora Manuel de Freitas ficado órfão?"
Negar livros anteriores ou rescrever e depurar a obra de forma continuada, não é novo, Herberto Helder fá-lo permanentemente, mas, em um Toldo Vermelho, Joaquim Manuel Magalhães nega e estupra, de forma absolutamente radical e violenta toda a sua obra poética desde os anos 70 até ao início deste milénio. O problema surge, quando esta reescrita manifesta não a correcção do gesto, não a renovação do corpo, mas o deliberado refazer de toda a estrutura, num quase sacrilégio iconoclasta. Sim, porque agora, a ilegibilidade das vozes do corpo é quase totalitária.
Certamente haverão de aparecer críticos a louvar esta obra e sua reescrita. O seu conteúdo atingiu um tal grau de ininteligibilidade que, para uns, vai ser complicado atacá-la e, para outros, vai ser delicioso elogiá-la, sendo certo, que será o próprio tempo a determinar se estamos perante um acto de loucura, ou um acto de génio!
Como diria a D. Zulmira, a vizinha a quem fazia os recados na minha aldeia, andou um tal de Joaquim Manuel Magalhães a trabalhar a linguagem uma vida inteira, a alimentar-se no fogo infinito da poesia, para agora, vir este Joaquim Manuel Magalhães mais velho (que não mais sábio) e simplesmente arrasar tudo como bomba atómica, numa espécie de automutilação, entregando-se "à feroz acção de deuses nos vulcões, / ao odor sacrílego de alquimistas mortos" (J.M.M.). De Toldo vermelho, dois poemas:
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O balneário,
toalha revolta.
Tensa na súplica.
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Eco, fivela, gume.
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Recolhe o júbilo dos invólucros de látex.
Na sujidade
a fita adesiva um afago.
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Bolça-os à fornalha
nauseabunda,
doma o clamor bonançoso,
incinera.
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Cadinho hermético,
operário do soturno.
....................Joaquim Manuel Magalhães
Segundo livro de "Um Toldo Vermelho" (2010)
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http://bibliotecariodebabel.com/geral/cinco-poemas-de-joaquim-manuel-magalhaes/

http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/joaquim_manuel_magalhaes/poetas_jmmagalhaes01.htm

http://poesiailimitada.blogspot.com/2010/03/joaquim-manuel-magalhaes_01.html

http://www.dglb.pt/sites/DGLB/Portugu%C3%AAs/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=8502