domingo, 20 de fevereiro de 2011

HORIZONTES

Não sou irmã das estrelas,
nem das pombas nem dos astros.       
                                         Natércia Freire

Em cada raiz de magnólia
uma constelação de sangue puro
e a absurda incisão do desejo
moldar a sílaba obscura
nas estâncias mais ocultas da morte,


o lugar sem coração nem corpo,
nem mansos beijos de sóis
e uma variável magnificente
procriando esse mesmo absurdo de luz
sob os contornos de uma túnica vermelha.
                                               João Rasteiro
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domingo, 13 de fevereiro de 2011

"VALEU a PENA"

Mário Moniz Pereira (Lisboa, 11 Fevereiro de 1921) professor, desportista (pedagogo, atleta, treinador) autor de canções e acima de tudo, Sportinguista. 
Foi praticante de andebolbasquetebolfutebolhóquei em patinsténis de mesavoleibol e atletismo. E como já referi, um excelente autor de canções, especialmente, em grandes criações de fados. A que se segue, é de sua autoria, e é cantado pela grande Maria da Fé. Parabéns pelos 90 anos - "Valeu a Pena". Parabéns, por ser um dos poucos portugueses, em que a unanimidade é absoluta. Parabéns. Ah, e já só faltam dez!
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Se, depois de eu morrer...

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever 
a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença 
e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, 
porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão 
um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais 
e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, 
nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento 
seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.
.............................................Alberto Caeiro
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"Valeu a Pena" (Mário Moniz Pereira) - Maria da Fé

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http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Moniz_Pereira
http://www.sporting-sempre.com/clube/mario-moniz-pereira-faz-hoje-90-anos
http://www.sporting.pt/

domingo, 6 de fevereiro de 2011

ROTAS

Pedro Prata -  "Evaporation"




«A poesia é, finita e interminável, um diálogo precário e resistente. Ora cada um de nós é um diálogo. Por isso a poesia nos convém — ela é, esquivo e incerto, um diálogo que resiste por um dia mais, uma promessa sem garantias, pela qual nos transformamos naquilo que somos. […]»

Manuel Gusmão Tatuagem & Palimpsesto, Assírio & Alvim
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«Em poesia, o equilíbrio acontece sempre em tensão com o desequilíbrio, devendo mesmo incorporá-lo, num jogo partilhado. E talvez a preocupação com o equilíbrio advenha de uma das particularidades da poesia, como arte: o facto de ela utilizar como matéria de criação, não uma linguagem específica, mas a linguagem comum, a mesma que utilizamos no dia-a-dia. Há toda uma tradição de reflexão poética que considera essa linguagem de partida profundamente arbitrária, insuficiente e, nessa medida, desequilibrada, atribuindo à poesia o papel de recuperar um equilíbrio primordial, tido como perdido. Esse desejo de equilíbrio pode ser observado tanto no plano da relação entre som e sentido quanto no da relação entre a palavra e o mundo.»

Rosa Maria Martelo A Forma Informe, Assírio & Alvim
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011