quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Marcas de urze

A editora Cosmorama acaba de editar a primeira obra de Catarina Costa, "Marcas de urze". Este livro é o resultado do Primeiro Prémio de Poesia Guilherme de Faria, 2007/2008, promovido pela Cosmorama. Catarina Costa que já publicou vários poemas e efectuou imensas leituras públicas no âmbito da "Oficina de Poesia" da Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra, que integra já a alguns anos, apresenta-nos uma primeira obra, que embora ainda possua ligeiros desiquilíbrios, já possui aquela "força" que nos atrai para o/um livro, para os poemas, para as palavras e o seu diacrítico.
Penso que poderá ser uma boa surpresa este livro de poesia, inclusive, como já foi referido, porque se trata de um primeiro livro. Do livro que se divide em quatro partes: "o que enterras", "aquele que pesa o ábaco", "não sabemos quem ela foi" e "esses que se arrastam", seguem-se os seguintes os poemas:
.......................................................................................
o que enterras é ainda deste lado da abundância
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sobre os túmulos articula-se a percepção das vigílias
enquanto a ampulheta deixa cair a pérola corrediça
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nas regiões que moem prosódias
a numeração das covas já não é a única arte que conheces
e por fórmulas que vertem interiormente
meditas a gnomónica
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ao pasaares pelos meteoritos
descobres onde os ferreiros escondem o relógio de sol
que clarifica tua partida para o segundo acampamento
..........................................///.................................
rastejam numa cena bíblica
com estábulos que se abrem ao lúmen
e vacas que se adensam
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a terra está em pose prodigiosa
porém nada se transfigura
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-a palha empalidece verídica
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não é um fresco
mas sim um fotograma
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embora olhem para nós desde a adoração
rastejam com a veemência deste século
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Madredeus - O Pastor

sábado, 25 de outubro de 2008

Nas margens do Tormes

Agora que o Francisco Curate anda por terras do Tormes, sorrio lembrando-me da minha estadia em Salamanca em 2005, no âmbito do lançamento da bela antologia "Cánticos de la frontera", coordenada pelos poetas e amigos Alfredo Pérez Alencart e António Salvado e das memoráveis leituras efectuadas por todos os poetas na Casa de las Conchas, coloco hoje no blogue um poema publicado por mim na revista "Papeles del Novelty", revista que é editada pelo mais antigo e famoso café de Salamanca, situado na Plaza Mayor, homenageando os Miguéis e naturalmente a extraordinária e mágica Salamanca e a frescura divina do Tormes. A música também é de um amigo Salmantino, o trovador Gabriel Calvo.

Na rota dos faunos
......................A Unamuno e Torga
1.

Em Agosto, a cidade tem o nome acorrentado
à pedra acesa que vislumbra a luz dos poetas,
vieram dos trilhos onde os animais respiram
as juras sagradas da liberdade que aprisiona.
.
2.
Pela tarde, o sol rasga a ferocidade da muralha
obstinada, Tormes cerca, lentamente, enquanto
se vai cerrando o coração das aves e as bocas
da Plaza Mayor. O que as cores embrionárias
alienavam só a palavra alteia nas veias, agora.
Todos os lugares regressam sísmicos, mesmo
a noite que conjectura os olhos das serpentes
com sede. A cidade cega persiste junto à cal.
.
3.
De puro oiro é a cidade, e de pedras que ferem
adornadas as estirpes da Casa de las Muertes, só
o sangue aflora das cânulas dos ancestrais livros
que abrigam o sopro dos sete poemas revelados
pelas fábulas, pela quimera opulenta dos Migueis.
.
4.
E a noite brota a blasfémia das pedras arrosadas,
o assombro das águas, o augúrio das vozes nuas,
o universo absoluto percorrendo a peleja do verbo.
.
5.
Têm agora a idade das pedras, a paixão da sílaba
na arquitectura dos sulcos, aberta sobre o mundo.
...................................................João Rasteiro
In, Papeles del Novelty - Revista de creación y mantenimiento, nº 17, Salamanca, 2008
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Gabriel Calvo

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Antropofagia

Oswald de Andrade: São Paulo, 11/01/1890 - São Paulo 22/10/1954, foi um poeta, ficcionista, ensaísta e dramaturgo brasileiro. Foi um dos grandes promotores da Semana de Arte Moderna de 1992 em São Paulo, tornando-se um dos nomes fundamentais do modernismo literário brasileiro. É considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo e o autor de dois incontornáveis manifestos modernistas:O Manifesto da Poesia Pau Brasil e o Manifesto Antropófago. As ideias de Oswald de Andrade influenciaram também de forma intensa diversas áreas da criação artística: na música o tropicalismo, na poesia o movimento dos concretistas e na área teatral, grupos como Teatro Oficina e Cia.

Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela

E perguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval

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Minha terra tem palmares
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

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Erro de português
Quando o português chegou

Debaixo de uma bruta chuva

Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
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Há poesia


Há poesia na dor
na flor
no beija-flor
no elevador
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sábado, 18 de outubro de 2008

Divindades

Deus por deus
.................A Eduardo Lourenço
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Mas o poeta, o alucinado e incandescente poeta,
revestido de sílabas – poucas – aparentando o tempo,
uma breve autoridade, poeta preso nas cidades vastas,
mostrando as suas habilidades perante a ânsia dos céus
dentro de muralhas que devaneiam o diacrítico do mar,
o exacerbado poeta, ingenuamente concebe o sussurro
das pétalas de rosa azul que nunca ninguém ousou criar
porque os deuses julgam-se imutáveis na luz do espelho.
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Os antigos trovadores invocavam as musas sob as luas
Shakespeare, o pequeno e terno irmão de Deus, aquele
imortal que viu a obra duplicar fantasmagoricamente no
oitavo dia da criação, rogava diariamente a seu irmão,
ele, o poeta da cidade, o que amplia criação à realidade,
à criação urbana, renovando o mundo em suas nuas leis
do circo urbano, a arena onde nos digladiamos no desejo
nós, os mais altivos e singulares leões de nós mesmos,
invoca-se a si próprio, deus díspar da única criação, a
obra da ironia da linguagem e da melancolia do verbo,
mas como sei que não aparecerá nas rotações do poema,
em raro ensejo de lucidez irrompe os espaços e conceitos
deita fogo a todas as suas recentes e geniais criações
de pétalas de rosas azuis e galáxias de cristalina garganta.
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Quando as muralhas se abrirem ao mar e aos raios do sol
o poeta da cidade, não se invocará omnipotente em vão
e descansando entre divinos anjos e animalescos humanos
contemplará a absoluta redenção do caos por si criado
e cantará a devastação das lágrimas da tristeza e da alegria
onde floresce o dialecto assimétrico das novas gramáticas
porque a purificação do caos é tão assombrosa e excitante
como o paraíso primordial de onde nos julgámos expulsos
devido à linguagem da única arca de Noé que sobreviveu.
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Hoje, o poeta da cidade emprega artifícios e não magia
tentando tornar visível a efémera ostentação de si mesmo
no manto doirado da poesia – esse trama em que o mundo
se construiu – e repudiando Cavafis, quando este cantava
os acúleos bárbaros em seus lamentos – "aquela gente era
uma solução"
– porque das guelras um anzol trepava ao céu.
João Rasteiro
Pedro Abrunhosa - A cada não que dizes

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Anotação do Mal

Na semana passada, ficou a saber­‑se que o prémio de ficção do PEN Clube foi este ano atribuído a Jaime Rocha, com o livro: Anotação do Mal. Foram ainda atribuídos os seguintes prémios:
Poesia, Helder Moura Pereira, com Segredos do Reino Animal e Daniel Jonas, com, Sonótono.
Ensaio, José Vitorino de Pina Martins, com, História de Livros para a História do Livro e António M. Machado Pires, com, Luz e Sombras no Século XIX em Portugal.
Primeira Obra, Francisco Camacho, com, Niassa e Maria Helena Santana, com, Literatura e Ciência na Ficção do Século XIX.
Jaime Rocha, hoje sem qualquer dúvida, uma das vozes mais importantes do nosso meio literário, quer seja ao nível do teatro, poesia, ficção ou ensaio. No domínio da poesia, obras como Os Que Vão Morrer, (2000), Zona de Caça (2002), Do Extermínio (2003), Lacrimatória (2005), Homem Branco Homem Negro (2005) Anotação do Mal(2007), só para enunciar as mais recentes, fazem de Jaime Rocha já um nome marcante da poesia e literatura portuguesa em geral. Do livro Lacrimatória (2005), o poema Lacrimatória 41:
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Depois, o guerreiro vai à sua procura caminhando
por um fosso, enquanto a mulher, meio estátua,
meio visão, o aguarda para lhe entregar os venenos,
despindo-se, atraindo os morcegos. Um fio de cobre
ilumina-lhe os ombros, o mesmo fio que traz o vento
e a música para dentro do seu corpo, mas o desejo
dela é ficar emparedada, presa a um castanheiro,
longe dos ruídos das fogueiras. O homem uiva no
pequeno pátio à entrada do mausoléu. Sabe que a
memória da mulher é como um véu que cai do tecto
para o abrigar. Ele é o único homem que habita a
ilha onde jaz o seu corpo. Por isso, a sua dor é oculta,
aproxima-se do frio coberto de lágrimas vazias. Já
não lhe interessam os anjos, nem a dança dos peixes.
Só o mármore e os pássaros negros.
Jaime Rocha
Madredeus - Não muito distante

sábado, 11 de outubro de 2008

O CÂNTICO das PRAGAS (Vídeo e poema):


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O Cântico das Pragas

É das palavras
que irradia a morte soberana
os lugares sitiados, a blasfémia do silêncio.
Todos morrem nas palavras disponíveis
apenas os corvos tristes
a quem soldaram o bico com prata
suspendem a morte
no branco das túnicas da água visível.
É nesse espaço
onde antes iam os homens sedentos
alimentar a fractura das vísceras
comendo de rastos com as cobras
que a chuva cai geométrica
estilhaçando o alastro das gargantas
que guardam as sílabas com aroma de tílias.
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O homem está morto dentro do poema
como a linguagem das antigas escrituras
e é o seu corpo que brilha através do branco.
As cobras emergem do chão
abrigam-se nas túnicas álgidas
e aproximam-se do corpo do homem exposto
iluminadas em sua própria loucura.
Engolem os restos da carne corrompida - mas,
inexplicavelmente poupam-lhe os olhos -, depois,
saboreiam o que lhes vai consumir
para sempre a língua, o coração das entranhas.

O segredo absoluto e divino do extermínio do verbo.
João Rasteiro
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http://www.ces.uc.pt/novaspoeticas/pages/portugues/homepage.php
http://alapidacaodasilaba.blogspot.com/search/label/Jo%C3%A3o%20Rasteiro
http://alapidacaodasilaba.blogspot.com/

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A sílaba de fogo

Herberto Helder, considerado um dos maiores poetas portugueses vivos, (para mim, sem dúvida o mais original e perturbador) publicou esta quinta-feira um novo livro, intitulado "A Faca não Corta o Fogo -- súmula & inédita", com a chancela da Assírio & Alvim.

O volume, que reúne uma parte de reescrita da sua obra anterior e alguns inéditos, possui 207 páginas de poesia e uma extraordinária capa ilustrada por Ilda David, em tons de azul e amarelo.

De Herberto Helder, um poeta que deu a última entrevista em 1968, ("o poeta obscuro") e que recusou o Prémio Pessoa em 1994, vive em auto-reclusão e de si pouco se sabe, para além de que se chama Herberto Helder Luís Bernardes de Oliveira, tendo nascido no Funchal, a 23 de Novembro de 1930, e residindo actualmente em Cascais, com a mulher, Olga.

De 1954, data a publicação do seu primeiro poema, em Coimbra, na "Cabra", tendo posteriormente publicado também em Coimbra, na revista "Êxodo", talvez o seu primeiro ensaio literário.

Em 1958, publicou o seu primeiro livro "O amor em visita" e em 1961 e 1962, editou os livros "A Colher na Boca", "Poemacto" e "Lugar". Em 1973, publicou "Poesia Toda", reunindo a sua produção poética até à data, e fez uma tentativa falhada de publicar "Prosa Toda".

Depois de "mundear" por países como a Bélgica, França, Holanda, Angola ou Estados Unidos, volta a Portuga depois do 25 de Abril e depois de voltar a publicar, nos anos seguintes, mais algumas obras, entre as quais "Cobra" (1977), "O Corpo, o Luxo, a Obra" (1978) e "Photomaton & Vox" (1979), remeteu-se ao silêncio, a um silêncio avassalador, mas simultâneamente mítico.

E dele falou, numa carta enviada em 1977 à revista Abril, endereçada a Eduardo Prado Coelho: "O que é citável de um livro, de um autor? Decerto a sua morte pode ser citável. E, sobretudo, o seu silêncio".

Por isso, pediu aos amigos que não falassem dele num documentário que António José de Almeida pretendia realizar para a RTP2, em 2007.

O documentário, "Meu Deus, faz com que eu seja sempre um poeta obscuro", acabou por ser feito, mas apenas adensou o mistério em torno da figura do poeta, já que 17 das 29 pessoas contactadas pela produção se recusaram a dar o seu testemunho.

Da sua poesia, escreveu algo deslumbrado, o crítico literário Jorge Henrique Bastos, no livro " O corpo O lucho A obra" e responsável pela primeira edição brasileira da poesia de Herberto Helder publicada no Brasil, em 2000, que o poeta "impulsiona a viva encantação das palavras [e que] o abalo que a sua poesia provoca é um dos mais profundos que a literatura de língua portuguesa já sofreu".

Mistério, que por vezes é quebrado da forma mais surpreendente, quando sem ninguém esperar, escreve, essencialmente respondendo, a cartas de amigos, mas, também de desconhecidos, aqueles absolutos e eternos admiradores da sua poesia, e do qual este escriva é testemunha de tal facto na primeira pessoa.

Sobre o novo livro de Herberto Helder, disse o poeta Gastão Cruz à Lusa: "Não sei o que espero, somente que se situe, como decerto acontecerá, no nível da sua restante obra poética".

(...)

Sobre os cotovelos a água olha o dia sobre

os cotovelos. batem folhas da luz
um pouco abaixo do silêncio. Quero saber
o nome de quem morre: o vestido de ar
ardendo, os pés e movimento no meio
do meu coração. O nome: madeira que arqueja, seca desde o fundo
do seu tempo vegetal coarctado.
E, ao abrir-se a toalha viva, o
nome: a beleza a voltar-se para trás, com seus
pulmões de algodão queimando.
Uma serpente de ouro abraça os quadris
negros e molhados. E a água que se debruça

olha a loucura com seu nome: indecifrável cego.

Resistência - "Chamaram-me Cigano"

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A recordação imaginada: Mito e Poesia

(…) Só duas experiências tornam os seres humanos capazes de participar na verdade-ficção, na metáfora pragmática de eternidade, da libertação dos decretos de dissolução do tempo biológico e histórico, ou por outras palavras, da morte. O primeiro caminho é o das crenças religiosas autênticas para os que a elas se encontram abertos. O outro é a via estética.
São a produção e a recepção de obras de arte, no sentido mais amplo, que nos permitem participar na experiência da duração, do tempo libertado. Sem a arte, a psique humana teria de enfrentar na nudez a extinção pessoal, dando lugar a uma lógica de loucura e de desespero.
É a poeisis (a par, uma vez mais, da transcendência da fé religiosa, e muitas vezes de algum modo em ligação com ela) que autoriza a desrazão da esperança.
Neste sentido de um alcance imenso, as artes são mais indispensáveis aos homens e às mulheres que o melhor da ciência e da tecnologia (são inumeráveis as sociedades que longamente perduraram sem elas). A criação nas artes e na actividade filosófica é, no que se refere à sobrevivência da consciência, de uma ordem diferente da da invenção nas ciências. Somos animais cujo sopro vital é a dos sopros contados, pintados, esculpidos ou cantados.
Não há, não pode haver, nesta terra uma comunidade, por mais rudimentar que sejam os seus meios materiais, sem música, sem uma outra espécie de arte gráfica, sem essas narrativas da recordação imaginada a que chamamos mito e poesia. Há, de facto, verdade na equação e no axioma; mas é uma verdade menor. Estará, porém, a verdade maior das artes segura na maneira como a conhecemos e vivemos até hoje? Terá a poeisis o seu futuro clássico?
In, George Steiner – “Gramáticas da Criação” (pg. 287, 288), Relógio D`Água Editores
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Chopin Nocturne Op 27 No 1 - Maria Joao Pires

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Desatino

Quero um poema tão real quanto o Colosso de Rodes

O silencio metamorfoseou-se assim de luz:
por um lado, a sílaba da magnólia virgem,
por outro, orquídea azul de cetim genuíno,
espaços de deuses em labirintos fossilizados.
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Poema, morte e vida desejando-se bilingues
de bocas e sexos, a proliferação barroca, vozes
em módulos acesos de vocabulários, graciosas
estátuas escorriam mudas dos cabelos de hélio.
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Língua: por um lado, enxurrada incandescente,
garganta atravessada; por outro, pássaro contíguo.
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Corpo: também é trovão, temporal de primaveras,
fingimento, verbo, criação (refúgio no tímpano).
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Recriar a língua em seu aguçado silêncio
será sempre desrecriar-se biografia imperfeita
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do eu, estar desnudo: estátuas, estátuas, poesia,
o eco, tudo o que aniquila a inflorescência da voz.
João Rasteiro
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Pink Floyd- Comfortably Numb

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http://fotoseliteratura.blogspot.com/
http://alapidacaodasilaba.blogspot.com/