(POESIA,LITERATURA e a CULTURA em geral)»»»»»»»»»»»»»»»»
"Só existe o tempo único.
Só existe o Deus único.
Só existe a promessa única,
e da sua chama
e das margens da página todos se incendeiam.
Só existe a página única,
o resto fica,
em cinzas. Só existem
o continente único, o mar único –
entrando pelas fendas, batendo, rebentando
correndo de lado a lado".
__________ Robert Duncan
Acerca do lírico amor obscuro de mim o tempo acúleo cogitava a morte inclinada em contrição na geometria mais invisível ele o rosto oxidado na cegueira fincada a cítara dos acesos sexos lascados os clarões do crime nas máscaras bebendo a luz dos prodígios em bocas líquidas sementes do cordeiro de deus sangram os espinhos da ácida língua. * Não há lugares profusos nos alfabetos a paisagem dos acasos - nos corações transbordam vertiginosas superfícies as tecedeiras sobre o linho respirando inversas – o âmago do mistério da voz. * - Um dia alguém terá nos dentes lágrimas vivas. João Rasteiro - In, Se a boca virar faca cortará os lábios(inédito)
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..............................."A gente vai continuar" - Jorge Palma
Já foi tornada pública a lista dos 12 livros finalistas, candidatos ao Prémio Literário Casino da Póvoa do Correntes d’Escritas. O evento vai decorrer entre os dias 11 e 14 de Fevereiro de 2009. A eleição do poeta dos poetas relativo à presente edição está quase a chegar e sairá das seguintes obras:
. • Gastão Cruz, A Moeda do Tempo, Assírio e Alvim • Nuno Júdice, As Coisas Mais Simples, Dom Quixote • José Agostinho Baptista, Filho Pródigo, Assírio e Alvim • Maria Teresa Horta, Inquietude, Quasi • Jorge Gomes Miranda, O Acidente, Assírio e Alvim • Armando Silva Carvalho, O Amante Japonês, Assírio e Alvim • José Rui Teixeira, Oráculo, Quasi • António Cícero, A Cidade dos Livros, Quasi • Eucanaã Ferraz, Rua do Mundo, Quasi • Eduardo White, Dos Limões Amarelos do Falo às Laranjas Vermelhas da Vulva, Campo das Letras • Antonio Gamoneda, Descrição da Mentira, Quasi • A.M. Pires Cabral, As Têmporas da Cinza, Cotovia
Um pequeno trecho da obra finalista, "Oráculo" de José Rui Teixeira: . Quando eu era criança anoitecia sobre a verdade intrínseca de haver ruas pequenas e horizontes pequenos no fundo das ruas. Os velhos sentavam-se na soleira da porta nas noites de verão e as raparigas sangravam demoradamente o calor para dentro dos pulmões e cresciam-lhes os seios, e fechavam-se em casa. Quando eu era criança a minha mãe pousava na superfície do outono como um anjo ferido. .................................A Naifa-Desfolhada
A tumba do poeta - Rik Lina Fiama Hasse Pais Brandão- (n.15/08/1938-m.19/01/2007) . Espaços Todas as coisas e seres são dados aos poemas e exigem estar. Próximas paisagens distantes, seres presentes. Entre o aparo e a escrita. Próxima, não a respiração mas a presentificação das coisas, infindos riscos. . Nessa parede verde da hera Nessa parede verde da hera o teu rosto cada vez ganha mais forma, entre as mãos de verdura estendidas aos ventos que as dobram e movem. . Quando te vejo na luz ou nessa sombra estar vago e ser tão próximo, só tu sendo não sabes onde te vejo, só eu muda não digo onde te guardo. Fiama Hasse Pais Brandão ..........................///..................................... João Aguardela- (n.1969-m.18/01/2009) ...................................SITIADOS -Esta vida de marinheiro
No próximo fim de semana estarei no Algarve, mais concretamente em Lagoa, onde irei efectuar uma leitura de poesia englobada na inauguração da exposição internacional "Iluminações Descontínuas" - surrealismo actual. A inauguração da exposição acontecerá pelas 17h00, sábado 17 de Janeiro e estará em exibição na Sala de Exposições Temporárias Manuel Gamboa, no Convento de S. José, em Lagoa, de 17 de Janeiro a 28 de Fevereiro de 2009. Esta conta com poetas e pintores de vários países, nomeadamente, Espanha, França, Chile, Holanda, Portugal, Argentina, Brasil, Canadá, Costa Rica, Indonésia, Rep. Checa, África do Sul, Colômbia, Roménia e Hungria. Em Lagoa irão marcar presença alguns nomes como Maria Estela Guedes, Sérgio Lima(Brasil), Miguel Carvalho, Rik Lina(Holanda), Alfredo Luz, Allan Graubard (EUA), Seixas Peixoto, etc. Na inauguração, para além da pintura e da poesia, haverá também música. Nos links(*) abaixo indicados, encontrarão notícias e nomeadamente a lista de todos os participantes do evento, que diga-se, reúne um dos maiores - em quantidade e qualidade - conjuntos de artistas (sobretudo na pintura) do actual surrealismo internacional. Na inauguração, ou durante o período em que decorre a exposição, que aliás possuirá uma bela brochura com algumas obras (pintura e poesia) dos intervenientes, o Convento S. José aguarda a vossa visita.
Segue-se um dos poemas com que participo no evento: "Iluminações Descontínuas". Biografia II E tudo ocorre na melancoliada da sílaba, o casulo emergindo nas talhas. Inquieta sofre a gestação no caule dos rebentos. O gesto do corpo no linho que se alinha à mutação. Rota, sopro, sístole ou máscara onde bardos fecundam a sazão da ebriedade. E entra nas vozes, nos hortos, algures no inabitado onde gravitam tâmaras. Melífera ironia das fábulas, a palavra mastiga a água adubada, ser bardo é tocar o fogo o espectro desatando-se sílaba que afeiçoa às matizes do espanto cheio de luz. Então nu. João Rasteiro .......................Mão Morta - Floresta Em Sonho
inês subtil . talvez seja o momento de te dizer que sou da mais vil beleza, feito de amar entre os homens apenas as coisas mais efêmeras . talvez seja o momento de te dizer que me cresceram os teus seios mais jovens, numa indisfarçável necessidade de que me pertençam entre as coisas que te cedo . talvez seja o momento de te dizer que o teu corpo mulher é um exagero do meu deus, generoso mais do que nunca na liberdade da minha fome . não estou certo de que seja o momento de pedir mais ainda, quanto te roubo a alma e aos poucos a entorno pelo caminho até ao outrora vazio do meu coração . como não sei se será certo padecer de alguma felicidade imprudentemente, naquele miudinho perigoso de estar quase a morrer de amor por ti . também eu me sinto capaz de desmaiar com um orgasmo. mas só agora, aos trinta e sete anos, só contigo . . o poeta como nu . um dia apareceu um poeta sem pétalas. nunca tal se vira.sem pétalas, dizia- se, estava igual a nu, coberto de nadaque o diferisse, como se ser poeta não trouxesse marcas à flor da pele. algumas pessoas riram-se nervosamente, e só por isso o estranho poeta se foi embora sem outra notícia valter hugo mãe In,folclore íntimo,COSMORAMA Edições, 2008 ....................................TERESA SALGUEIRO- Amanhã