quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ESPAÇOS


Esta sexta-feira, dia 25/11, pelas 21h30, estarei no Museu Moinho das Lapas [Biblioteca Anexa Municipal de Cernache] para apresentar a minha poesia e dialogar com o público presente. Na sessão, ou melhor dizendo, na tertúlia, participarão ainda Kátia Carrasqueiro (acordeonista) e Anunciação Matos (ilustradora e dinamizadora). O magnífico trabalho que se vê aqui é da autoria da Anunciação Matos e foi feito a partir da leitura do meu livro "Pedro e Inês ou As madrugadas esculpidas". O evento é da responsabilidade do Departamento de Cultura - Divisão de Biblioteca e Arquivo da Câmara Municipal de Coimbra.
A quem puder e quiser  comparecer desde já o meu obrigado e tentaremos todos que não seja um tempo mal passado. Pelo menos tentaremos.

domingo, 20 de novembro de 2011

ROTAS INEXORÁVEIS


Elegia de Bashō

2.

Carne. Este corpo desnudo,
ninguém já o retalha,
salvo a estirpe do osso!


9.

Arquitectura de maldições
entre o olfacto e a utopia.
A inflorescência do golpe.


13.

Eu pressenti-te
rosto de terra fresca.
Quase lhe rocei…
                              João Rasteiro

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CÂNTICOS


A litania da ausência
                              
                                 e depois os pássaros irão
                         povoar de ti novas ilusões
                                                  Ruy  Belo


Falta-me a pureza do ar
nas obscuras palavras do meu país
e nas viscerais margens de um país,

e entrementes foi espigando o desamor
que a flor também desperdiçou
o meu desamor foi espigando desumano
em ufano país de lúcida quietude
enclausurado numa túnica de impuro sangue
enquanto os animais perduram
na mais recôndita paisagem das chuvas.

Falta-me o fingimento do verbo
nos obscurecidos poemas da minha plebe
e nos íntimos litorais de uma plebe,

falta-me a artificial puridade de Ruy Belo
indicando-nos a sua e nossa simetria de morte,
              
a mais galopante simetria de morte de um país.
                                                                João Rasteiro                                                                    

terça-feira, 1 de novembro de 2011

ELEGIAS

Enquanto o meu livro "Tríptico da Súplica", editado pela ESCRITURAS Editora de São Paulo, Brasil, se prepara para ver a luz dos dias brasileiros, é já no próximo sábado, dia 05 de Novembro, que pelas 17h00na livraria "Miguel de Carvalho - livreiro antiquário", sita na Rua do Adro, nº 6, Coimbra, (nas traseiras da Igreja de S. Bartolomeu, perto da Portagem, na Baixa de Coimbra), se procederá ao lançamento do livro de poemas ELEGIAS. Esta obra é uma edição DEBOUT SUR L'OEUF confinada a 77 exemplares numerados e autografados pelos criadores, João Rasteiro (poesia) e Rik Lina (desenho e pastel), dos quais 7 exemplares ostentam um desenho original a tinta da china e um poema manuscrito. 
A apresentação será efectuada pelo Prof. Doutor ALBANO FIGUEIREDO da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Haverá ainda uma leitura de excertos da obra pelo poeta JORGE FRAGOSO. Esta apresentação antecede a inauguração da exposição "LIANA" do artista plástico holandês, Rik Lin.
A todos os que puderem e quiserem comparecer lá vos aguardaremos com a maior satisfação e alegria.




  Elegia V

E se aquele que amam será pó,
aqueles que ele ama e protege em sua coroa
onde não se propaga sua certeza,
ajoelham e dizem:
ama-nos. E ele em sua crua incerteza,
ama-os, matando.
Ele arranca o elmo e a armadura
de suas infinitas feridas brotando espinhos
alma dura armada pelo fogo
que sempre lhe roubou o que não tinha
a alma amada que agora desfalece
e oferece-a ao povo que não vê
um desmesurado amor sem porquê.
E se de ele geme o peito,
no peito que geme seu adeus,
então dizem-lhe que a Portugal o céu abriga
e que reze e sonhe um outro verbo.
E ele também morre e atravessa
de uma aurora para outra
o breve engano que poderia ter
a flor que um homem, pai ou soberano
em trágico desengano
nem em mil sonhos aquela alma que fenece
os deuses, as águas e a sílaba candente
consentiriam tal encanto
pois temerosa ousadia e pena ausente
só algum poeta incandescente
em sublime canto
num país seu nome ou pátria sua
cantaria o apartado amor em dor presente.
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