(POESIA,LITERATURA e a CULTURA em geral)»»»»»»»»»»»»»»»»
"Só existe o tempo único.
Só existe o Deus único.
Só existe a promessa única,
e da sua chama
e das margens da página todos se incendeiam.
Só existe a página única,
o resto fica,
em cinzas. Só existem
o continente único, o mar único –
entrando pelas fendas, batendo, rebentando
correndo de lado a lado".
__________ Robert Duncan
Ele entranha-se pelas paisagens do sol pelos olhos das aves em que adejamos o incomensurável, aconchega-se às nossas vísceras mais íntimas e pressentimos que podemos ser criaturas de Dezembro, criaturas dos dias de não se ser esquecido criaturas fervilhando lava pelos dedos em circunstâncias estranhas, também nós concebidos e destruídos sem porquê por essa sitiada substância de que é erigida a adusta boca das quimeras.
Ele mergulha pelos corpos da terra pelas frestas dos oceanos em que expurgamos a cegueira, acerca-se inevitavelmente do nosso funesto alento e intuímos ser os guardiões dos salmos da bem-aventurança, guardiões que vigiam as infâncias no Inverno guardiões fascinados pela loucura do mundo em noite de tamanha abundância, vínculos em que espargimos e aduzimos a púrpura numa criança indefesa de que se constrói uma humanidade que não há.
Ele submerge pelo avesso dos corações pela estreita extensão das vozes sem tempo nem vento, encosta-se no reflexo dos sonhos intemporais e de forma desumana reinventa o natalício choro e riso para que não se suspenda a esperança e vergamo-nos trespassados no órfico cântico do poeta: não cortem o cordão que liga o corpo à criança do sonho! . ..................................João Rasteiro(Natal de 2011)
E tudo ocorre na melancolia
da sílaba, o casulo emergindo
nas talhas.
Inquieta sofre a gestação
no caule dos rebentos.
O gesto do corpo
no linho que se alinha à mutação.
Rota, sopro, sístole ou máscara
onde bardos fecundam a sazão
da ebriedade.
E entra nas vozes,
nos hortos, algures no inabitado
onde gravitam tâmaras.
Melífera
ironia das fábulas, a palavra
mastiga a água adubada,
ser bardo
é tocar o fogo
o espectro desatando-se
sílaba que afeiçoa às matizes do
espanto cheio de luz.
Esta sexta-feira, dia 25/11, pelas 21h30, estarei no Museu Moinho das Lapas[Biblioteca Anexa Municipal de Cernache] para apresentar a minha poesia e dialogar com o público presente. Na sessão, ou melhor dizendo, na tertúlia, participarão ainda Kátia Carrasqueiro (acordeonista) e Anunciação Matos (ilustradora e dinamizadora). O magnífico trabalho que se vê aqui é da autoria da Anunciação Matos e foi feito a partir da leitura do meu livro "Pedro e Inês ou As madrugadas esculpidas". O evento é da responsabilidade do Departamento de Cultura - Divisão de Biblioteca e Arquivo da Câmara Municipal de Coimbra.
A quem puder e quiser comparecer desde já o meu obrigado e tentaremos todos que não seja um tempo mal passado. Pelo menos tentaremos.
Enquanto o meu livro "Tríptico da Súplica", editado pela ESCRITURAS Editora de São Paulo, Brasil, se prepara para ver a luz dos dias brasileiros, é já no próximo sábado, dia 05 de Novembro, que pelas 17h00, na livraria "Miguel de Carvalho - livreiro antiquário", sita na Rua do Adro, nº 6, Coimbra, (nas traseiras da Igreja de S. Bartolomeu, perto da Portagem, na Baixa de Coimbra), se procederá ao lançamento do livro de poemasELEGIAS. Esta obra é uma edição DEBOUT SUR L'OEUF confinada a 77 exemplares numerados e autografados pelos criadores, João Rasteiro (poesia) e Rik Lina (desenho e pastel), dos quais 7 exemplares ostentam um desenho original a tinta da china e um poema manuscrito.
A apresentação será efectuada pelo Prof. Doutor ALBANO FIGUEIREDO da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Haverá ainda uma leitura de excertos da obra pelo poeta JORGE FRAGOSO.Esta apresentação antecede a inauguração da exposição "LIANA" do artista plástico holandês, Rik Lin.
A todos os que puderem e quiserem comparecer lá vos aguardaremos com a maior satisfação e alegria.
No meio de tanta incerteza e tristeza com este pobre país à beira mar plantado, são estas pequenas alegrias e, porque não dizê-lo sem falsos pudores, pequenas vitórias, que nos (me) vão dando alguma força e conforto, e falo do meu novo livro, que no princípio de Novembro estará nas livrarias no Brasil.
Este "Tríptico da Súplica" é um livro [reúne três livros: "Diacrítico", "A Divina Pestilência" e "No Prelúdio das Rezas Pagãs" - os dois primeiros são os meus mais recentes livros editados em Portugal] que é editado pela editora "Escrituras" de São Paulo, na sua colecção "Ponte Velha", que é apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB/Portugal).
Esta é uma colecção com cerca de quatro dezenas de obras já publicadas (essencialmente de escritores portuguese, mas também escritores dos países lusófonos), que inclui nomes como António Ramos Rosa, Nuno Júdice, Pedro Tamen, Luiza Neto Jorge, Ana Hatherly, Rosa Alice Branco, Luís Pacheco, Corsino Fortes, Maria João Cantinho, Fernando Echevarría, José Luís Tavares, Olinda Beja, Casimiro de Brito, Maria Estela Guedes, João Barrento, Maria Teresa Horta, Fernando Guimarães, Artur Cruzeiro Seixas, Fernando Aguiar, António Barahona, Pedro Proença, etc.
Brevemente darei mais notícias sobre o livro e algumas actividades relativas à edição e/ou lançamento do mesmo.
O já famoso Poemárioque a Assírio e Alvim publica religiosamente à vários anos e que, religiosamente alguns coleccionam de forma fervorosa, e que em 2011 surgiu [para contentamento de uns e, para desgosto de outros] com capas duras, não deixa de ser, de continuar a ser, essencialmente, uma excelente antologia de poesia, para mais, a preço extremamente convidativo.
Aqui fica um dos poemas do POEMÁRIO, o poema "POÉTICA", de Fiama Pais Brandão:
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A luz e a treva que mostram o
prodígio. A literatura muda
que nasce do fundo do silêncio. Alfa e
ómega ou a manhã e a noite.
Seres feitos de matéria e pensa
mento feito de memória. Aqui
o verso repousa na sua figuração.
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.................In, POEMÁRIO, Assírio e Alvim, 2011 .