Hoje, 04 de Junho de 2011 estarei pelas 16h30 na inauguração das novas instalações da livraria alfarrabista Miguel Carvalho. Este novo espaço do Miguel [também poeta, artista plástico e o principal dinamizador do Grupo Cabo Mondego Section of Portuguese Surrealism] é sem dúvida extraordinariamente apelativo, não só pelo conteúdo [uma imensidão de livros e manuscritos raros], mas sobretudo, pelo seu design interior e a sensibilidade com que o Miguel relaciona os livros com outras obras de arte e sua disposição interior.
Neste seu novo espaço, situado no Adro de Baixo (junto à praça do comércio) em coimbra, será então celebrada esta inauguração com um momento musical por Álvaro Aroso (guitarra portuguesa), Eduardo Aroso (viola de acompanhamento) e Hugo Aroso (viola de acompanhamento) e com um momento de poesia do poeta João Rasteiro. Haverá ainda uma exposição de pintura do artista plástico Seixas Peixoto.
Em baixo, um dos poemas que lerei [mais concretamente o meu último poema, de homenagem ao Manuel António Pina, nosso Prémio Camões 2011] que se intitula "A falua do desejo":
A falua do desejo
Ao Manuel António Pina
Ousar pensar uma árvore de poemas
é olhá-la e pressenti-la pelo ângulo do anseio
é comer um corpo
até a boca ficar em chagas maduras
saber-lhe sem limites obscuros
o ocluso estertor do coração
ou a desmedida voltagem do voo do rouxinol
em núbil e puro eclipse,
é beber água e sangue
na paridade dos líquenes e da utopia
na paridade dos líquenes e da utopia
um só tempo uma lembrança
até que a flor em sua triste alegria recomece
até que a flor em sua triste alegria recomece
nas primeiras gramáticas da aurora
em sua falua de abóbadas abertas ao desejo.
Não brotará e morrerá mais sublime fruto
em mundos de sedutoras abaúlas
do que a demoníaca sílaba
cantando sob a lua a idade dos jovens deuses
que tem raízes de abismos
que tem raízes de abismos
na melancolia inexpugnável da matéria de um poema.
João Rasteiro
2 comentários:
Tudo pelo melhor
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