domingo, 11 de março de 2012

ROTAS OUTRAS



como será limpar o rosto depois de agosto?

em cada sopro iluminando
a cadência do mar
para construir um nome
a fazer esquecer tudo
de desviar os olhos do outro rosto
onde nada repete outro tempo,
entre a espera e o cerco
e o sorriso se abre
na demora que concentra.

a paciência conhece o tempo da espera,
a mais felina indiferença
que é o perdão
sem pressa
e a comoção sustenta
no incómodo do esforço.
a permanência das mãos

é aqui, sempre aqui
até tudo ficar esquecido
as pequenas mãos que ignoram
que as noites sejam tensas,
que aqui perdura
o que um dia será impossível
a criar memória

depois de cada Agosto?
......................................Rui Almeida 
[In, Caderno de Milfontes - Volta D'Mar, 2012]


.
http://ruialme.blogspot.com/

http://bibliotecariodebabel.com/geral/quatro-poemas-de-rui-almeida/

1 comentário:

Mar Arável disse...

Depois?

O ritmo das marés