terça-feira, 29 de abril de 2008

POEM`ARTE - III Bienal de Poesia de Silves


SILVES - Foto tirada da varanda do hotel Colina dos Mouros

O regresso depois de vários dias no Algarve, devido à III Bienal de Poesia de Silves. Oportunidade única para reencontrar amigos, conhecer gente nova, poesias outras, descobrir vocações e novos sentimentos. Um tempo extraordinário e a hospitalidade generosa de Maria Gabriela Rocha Martins e de todo o staff da autarquia, com especial realce para a querida Hélia Coelho, não só "pau para toda a obra", como foi conjuntamente com Silvestre Raposo responsável pelo Design da antologia e naturalmente do "poem´arte". Para além disso, as magníficas instalações da nova Biblioteca Municipal, onde decorreram as sessões, a maravilhosa actuação do grupo Experiment´arte, o ambiente descontraído dos almoços e jantares, tudo contribuiu para um fim-de-semana diferente, onde a poesia e os sentimentos estiveram à flor da pele.
Para além da justa homenagem a Urbano Tavares Rodrigues, que foi assinalada na tarde de domingo, três mesas redondas muitíssimo interessantes. Do muito que ouvi, retive com particular agrado a comunicação da Teresa Tudela, bem como os poemas de Aida Monteiro, manuel a. domingos, Maria Estela Guedes, Porfírio Al Brandão e Eduardo Pitta. O Eduardo, embora não concordando com alguns dos seus apontamentos, conseguiu agitar o diálogo com os presentes, que era logicamente o que as mesas tinham por objectivo. No sábado à noite, durante o lançamento da antologia, o romancista Domingos Lobo, cuja poesia não conhecia, surpreendeu toda a gente com a leitura de um magnífico poema de homenagem ao grande Luiz Pacheco.
Da Maria Gabriela, só para realçar o tremendo esforço, dedicação e perseverança em conseguir mais uma vez projectar esta Bienal de Poesia de Silves. Quero ainda chamar a atenção para um dos mais belos blogs que últimamente descobri, o blog da poeta Gabriela R. Martins: canto.chão (http://cantochao.blogspot.com/).
Da Hélia Coelho, apenas para realçar o facto de também escrever, e bem(e fotografar), e por isso, um texto seu que simboliza todo o ambiente que se viveu na III Bienal de Poesia de Silves. A expectativa do chegar, a alegria do estar e a tristeza (profunda) do partir. Retirado do seu blog: (http://sonhoasul.blogspot.com/)
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ecoa o silêncio
no ondular das vagas
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ir e voltar?
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o caminho de retorno
é vário
suspende-se
no respirar
profundo
de uma nova
.
brisa .
Ailéh
Experiment` Arte

terça-feira, 22 de abril de 2008

A palavra acesa

Amanhã partirei para Silves para participar na III Bienal de Poesia -“Poem’Arte // Nas Margens da Poesia”
A Câmara Municipal de Silves levará a efeito, nos dias 25, 26 e 27 de Abril de 2008, a III Bienal de Poesia – “Poem’Arte // Nas Margens da Poesia” – a fim de comemorar o 25 de Abril, homenagear Urbano Tavares Rodrigues e inaugurar a novelíssima Biblioteca Municipal.
Serão todos bem vindos. Para todos os interessados e amantes da poesia, o blog: http://margensdapoesia.blogspot.com/
Amanhã também é comemorado o dia mundial do livro. Apenas darei a sugestão de leitura de um livro - livro que para mim talvez seja aquele que mais me marcou neste século XXI. Um livro extraordinário, um livro que terá passado um pouco inobservado, para mim o livro maior do autor maior que é Umberto Eco. E esse livro chama-se: "A Misteriosa Chama da Rainha Loana". No meio de discos, livros e jornais, entre personagens de ficção - Mickey, Flash Gordon, Conde de Monte Cristo, Cyrano de Bérgerac e Sandokan, - entre personagens reais - Mussolini, a Resistência antifascista, a literatuta e a sua história e o primeiro amor, - vai-se avivando a Misteriosa Chama da Rainha Loana. Um romance absolutamente Inesquecível.
E porque o 25 de Abril será por mim passado e comemorado em Silves, uma pequena prenda em jeito de homenagem, em jeito de alerta para a necessária actualização do 25 de Abril neste mísero e apático país à beira mar alucinado!!! Bom dia meu irmão Zeca - como tens passado?


Até um dia destes e desejos sinceros de cravos e sol - e já agora de alguma dignidade de que os portugueses andam tão necessitados últimamente. Dignidade que este país terá esquecido!!!

sábado, 19 de abril de 2008

FOREVER YOUNG

Bob Dylan, n.24/5/1941(Robert Allen Zimmerman) distinguido muito recentemente com um Pulitzer Prize pelo seu trabalho na área musical, ele que é o primeiro artista de música rock a ser premiado com um Pulitzer, um dos mais prestigiados galardões no mundo do jornalismo e cultura - «O impacto profundo na música popular e na cultura norte-americana, marcadas pela composição lírica de um extraordinário poder poético» foi a razão pela qual o conselho do Pulitzer Prize escolheu o autor de «The Times They Are a-Changin'» - vai publicar um livro baseado na extraordinária música "Forever Young", de 1974. O cantor e compositor Bob Dylan, eternizou em livro infantil ilustrado pelo premiado artista Paul Rogers (últimamente vocalista do grupo Queen).
Dirigido a crianças de 3 anos ou mais, Forever Young é "uma história comovente sobre a importância de fazer o bem", de acordo com um press release da editora, a Simon & Schuster. O livro com cerca de 40 páginas será lançado no dia 6 de outubro no Reino Unido e ou muito me engano e não serão só as criancinhas a adquirir o livro!
Será bom lembrar que Bob Dylan é um dos cabeças-de-cartaz do festival Optimus Alive!08, actuando no dia 11 de Julho no Passeio Marítimo de Algés. Se eu puder lá estarei, porque Bob Dylan será sempre um dos meus ídolos da música e da palavra - não esquecer que Dylan escreveu esse livro fabuloso que se chama Tarântula em 1966 e publicado em Portugal em 2007. Para além disso, Bob Dylan também pinta e desenha, tendo lançado um livro de desenhos "Drawn Blank" em 1994. Fez a sua primeira exposição denominada "The Drawn Blank Series" no Museu Kunstsammlungen em Chemnitz - Alemanha (onde há obras de Munch e Picasso) entre Outubro de 2007 e 3 de Fevereiro de 2008 com 175 aquarelas e guaches. Por tudo isto, Bob Dylan é sem dúvida uma das maiores figuras da cultura ocidental das últimas décadas, um ícone quase sem igual, já uma lenda, até porque sem Bob Dylan toda a música pop seria bem diferente.



E que como canta Dylan:


Forever young
May God bless and keep you always,/May your wishes all come true,/May you always do for others/And let others do for you./May you build a ladder to the stars/And climb on every rung,/May you stay forever young,/Forever young, forever young,/May you stay forever young.(...)

Que Deus te abençoe e te acompanhe sempre,/Que seus desejos se tornem realidade,/Que você sempre faça para os outros/E deixe que os outros façam por você./Que você construa uma escada para as estrelas/E suba cada degrau,/Que você fique jovem para sempre,/Jovem para sempre, jovem para sempre,/Que você fique jovem para sempre.(...)http://www.bobdylan.com/moderntimes/home/main.html

http://www.foreveryoungbook.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bob_Dylan

http://www.letraselivros.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=337&Itemid=53

quinta-feira, 17 de abril de 2008

LUGARES


Hoje sei como se exprime o último fôlego
o estrídulo da terra agonizante
com o espanto acúleo da primeira fala
o perfil imperceptível da morte
com que a demência fecunda os animais.

Aprendi as formas fictícias dos pulmões
bebendo o visível e o invisível
de todos os corpos do ângulo mais agudo
na memória que sustenta o cérebro
recolhido na brutal inocência das crias.

Através dos golpes do carniceiro
a purificação talhada da carne
como os vermes que devoram os anjos crus
e deles se alimentam extasiados.

A loucura do besouro sobre as cidades nuas
alastra pela rasura o ludíbrio da língua
o coração ofertando-se espasmo e cântico
só ecos da última heresia brotando as vozes.
João Rasteiro
http://br.youtube.com/watch?v=CV3DPm3bZ-I&feature=related
http://br.youtube.com/watch?v=FX5Cn7J-h6Y&feature=related

domingo, 13 de abril de 2008

A metamorfose do sonho

Maria João Pires apresenta-se pela primeira vez na Casa da Música num concerto inteiramente preenchido com obras de Fryderyck Chopin, um dos seus compositores predilectos.
Na primeira parte do concerto, Maria João Pires interpreta Nocturno em Si maior e a Sonata para piano n.º 3, em Si menor. Para a segunda parte está reservada uma outra obra de Chopin, a Sonata para violoncelo e piano em Sol menor, composta por quatro andamentos.
Intérprete de excelência (sem dúvida uma das maiores intérpretes da actualidade) de compositores tanto do período clássico como do romântico, Maria João Pires já foi aplaudida em toda a Europa, no Canadá, no Japão, em Israel e nos Estados Unidos. No concerto que encerra as comemorações do 3º aniversário da instituição, Maria João Pires é acompanhada pelo violoncelista russo Pavel Gomziakov, também ele uma das figuras mais proeminentes do violoncelo a nível internacional. Maria João Pires e Pavel Gomziakov realizaram uma série de concertos na Ásia e fizeram parte do projecto «Art Impressions» juntamente com Ricardo Castro.



Para além da magia das suas mãos sobre o piano, Maria João Pires escolheu o sonho e a aventura de BELGAIS (Belgais - Centro para o estudo das artes) e só quem como eu já se fundiu com o espírito e a alma de Belgais,se apercebe da "medida certa da heroicidade de Belgais". O reconhecimento pela UNESCO desse projecto de vida de Maria João Pires foi só uma questão de justiça (que Portugal ainda não lhe prestou!). Como afirma a pianista - "as opções que tomo transformam-se, por vezes, num combate".
Da minha inesquecível passagem por Belgais em 2001 e 2002, integrado na OFICINA de POESIA da Universidade de Coimbra, a minha modesta homenagem, não só a BELGAIS, mas sobretudo a essa mulher, repito, a quem Portugal enredado na sua permanente pequenez, para não dizer mesquinhez, ainda não prestou o devido valor e admiração: Maria João Pires.

O som e a seiva
a solidão consome a carne lúcida
no que resta das feridas silenciosas
o som e a seiva interpenetram-se
ou enlouquecem sob as mãos acesas
o sopro que pelos dedos desliza
em tubos de pedra onde o som ferve
e a mulher está como um fole inicial
todos os sonhos sugeridos em pulsações
de um piano raso com odor a fêmea.

João Rasteiro
In,OFICINA de POESIA - nº2, Série II, 2002

http://www.belgais.org/

http://www.citi.pt/belgais/

http://chumani.paginas.sapo.pt/belgais.htm

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Charneca em Flor


"FANATISMO" - (Raimundo Fagner canta Florbela Espanca):

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !


Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !


"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !


E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

Florbela Espanca
Livro de Soror Saudade (1923)

terça-feira, 8 de abril de 2008

"Poema para os companheiros da ilha"

Egito Gonçalves nasceu em Matosinhos, em 8 de Abril de 1920, tendo falecido em 29 Janeiro de 2001. Escritor português com uma actividade actividade cultural desenvolvida sobretudo a partir da cidade do Porto: foi editor, no domínio do livro de poesia, esteve ligado á direcção de revistas como A Serpente (1951), Árvore (1951-1953), Notícias do Bloqueio (1957 – 1962) ou Limiar (iniciada em 1992), publicou várias traduções de romancistas e poetas estrangeiros, desenvolveu actividades teatrais ligadas ao movimento cineclubista. Como poeta, a sua obra tende para o estabelecimento de um equilíbrio entre duas tendências que se afirmaram nas décadas de 40 e 50: o neo – realismo e o surrealismo. Da primeira destas tendências – muito marcada em Os Arquivos do Silêncio (1963) e na recolha antológica Poemas Políticos (1980). Egito Gonçalves recupera um sentido de intervenção, por vezes desfocado por uma muito viva expressão irónica; da segunda, a maneira como na poesia se pode valorizar a imaginação, sem que, no entanto, a sua linguagem enverede por experiências associativas surrealizantes, pela escrita automática, etc. Quanto a este aspecto, Egito Gonçalves mostrou-se sempre preocupado em construir o poema (“construo os meus poemas, com as imagens adorno-os”), dando-lhes uma configuração bem delineada ou estruturada. Aproximou-se, assim, daqueles poetas que nos anos 50 – o seu primeiro livro, Poema para os Companheiros da Ilha, é de 1950 – começam a revelar uma especial atenção quanto ao papel que a linguagem desempenha na economia da própria criação poética, sobretudo através da utilização da metáfora e da imagem. Isto leva-o a estar atento a uma certa viragem que na poesia portuguesa ocorre durante a década de 60, orientando-se essa viragem para um tipo de escrita poética que reage contra a discursividade – característica esta comum a muitos textos surrealistas e neo-realistas -, contra uma figuração expansiva procurando, antes, uma linguagem o mais depurada possível, elíptica, por vezes fragmentada.(…)
In: Bibllos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa - 1995
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PANFLETO CONTRA O PANFLETO
(sob a forma de conselhos a um jovem poeta)
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Se uma imagem te surge no lance de um poema
usa-a para o amor – jamais para a política.
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Há sempre a pôr em verso duas coxas;
há sempre um coito, real ou imaginado,
com que esquives armadilhas panfletárias.
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Os campos de concentração, as guerras,
os estados de angústia, não abundam
a arte em que propões engrandecer-te.
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Fala do teu exílio, da infância perdida,
do castelo em que vives após o escritório.
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Não te é vedado o rumo das flores, mas sempre
longe da campa de inúteis fuzilados.
Desabrocha-as no orvalho. Elas servem
para iluminar o quarto… aquele… tu sabes!
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Se recorres às rosas faze que sejam brancas
e elimina as papoilas por motivo igual.
Não despistes a caneta em perigos inglórios:
os caçadores de símbolos
são graves e desconfiados.
Egito Gonçalves

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Prémio Consagração

Fernando Lemos recebeu ontem, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, (SNBA), em Lisboa, o Prémio de Pintura Banif 2008 - Consagração e inaugura no mesmo espaço uma exposição que abrange várias áreas representativas do seu trabalho (pintura, desenho e fotografia).
O galardão, no valor de 30 mil euros, foi-lhe atribuído por unanimidade por um júri presidido pelo historiador e crítico de Arte José-Augusto França.
A atribuição do prémio ao pintor português a residir em São Paulo, no Brasil, foi justificada "pela capacidade de trabalho multifacetada verificada ao longo do tempo em obras de grande qualidade nos domínios das artes gráficas, da poesia, do desenho, da pintura e da fotografia".
Nascido em Lisboa, em 1926, Fernando Lemos desde muito novo se dedicou às artes gráficas, à poesia, ao desenho, à pintura, à fotografia e à crítica de arte e integrou, nos anos 40 e 50 do século XX o chamado Grupo Surrealista de Lisboa (juntamente com Vespeira e Fernando Azevedo).
Para o júri que lhe atribuiu o prémio por unanimidade, a pintura de Fernando Lemos, "inicialmente informalista, geometrizou-se na série "Signos desmemoriados", e reencontrou, recentemente, certas expressividades do seu início, em composições mais complexas, onde figuras puras e jogos cromáticos ornamentalistas manifestam a fusão do sentido de humor com o do maravilhoso". (Jornal de Notícias, 02/04/08).
Fernando Lemos de quem tenho o prazer e sobretudo a honra de ser amigo, é sem dúvida o que se pode apelidar de "artista global" e como tal, do livro "O silêncio é dos pássaros/El silencio pertenece a los pájaros", Edición y traducción de Perfecto E. Cuadrado, o poema:"Não há tempo"
Não há tempo
..............há horas
Não há um relógio
..............
..............hábitos que
me habitam
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O poema dói
o ponteiro corta
a hora queima
a morte simula
.
.
respira
para não me distrair
Fernando Lemos

quarta-feira, 2 de abril de 2008

POESIA - A casa do sol nascente

Casa Municipal da Cultura - 03/04/2008, 18:00

Pink Floyd - House of the Rising Sun

O novo livro de João Rasteiro - O Búzio de Istambul - estabelece um percurso entre a poesia e a prosa poética que resulta inovador na escrita do poeta, já com considerável obra publicada.
Com um prefácio-poema de Casimiro de Brito, este mais recente livro de João Rasteiro propõe uma incursão nas memórias de uma vivência onde está presente um olhar poético de fina acutilância, e ao mesmo tempo um abarcar sensível e apaixonado pelos lugares físicos do passado.
In, PALIMAGE EDITORES

http://arjentola.blogspot.com/search/label/Jo%C3%A3o%20Rasteiro

http://daedalus-pt.blogspot.com/search/label/livros

http://actaparaviolino.blogspot.com/search/label/po%C3%A9ticas

http://euxz.blogspot.com/