quinta-feira, 3 de julho de 2008

Na geografia do tempo


Biografia

E tudo ocorre na melancolia
da sílaba, o casulo emergindo
nas talhas.
Inquieta sofre a gestação
no caule dos rebentos.
O gesto do corpo
no linho que se alinha à mutação.
Rota, sopro, sístole ou máscara
onde bardos fecundam a sazão
da ebriedade.
E entra nas vozes,
nos hortos, algures no inabitado
onde gravitam tâmaras.
Melífaga
ironia das fábulas, a palavra
mastiga a água adubada
ser bardo
é tocar o fogo
é estar no correr das águas da tempestade
O espectro desatando-se
sílaba que afeiçoa os matizes do
espanto cheio de luz.
Então nu.
João Rasteiro - 03/07/2008

HUMANOS - Quero é Viver

.

http://fotoseliteratura.blogspot.com/

9 comentários:

Anónimo disse...

há uma mariposa de asas tenras no teu poema. biográfico e biológico! um grande beijinho, joão.

Gabriela Rocha Martins disse...

"hoje tenho a convicção das dunas" - escreveu de uma maneira assaz feliz a maria azenha ,num dos seus mais recentes poemas

hoje tenho a convicção de que me falta fazer e/ou dizer algo

hoje tenho a convicção de que o meu amigo João Rasteiro faz anos

hoje tenho a convicção

não!

hoje vou escrever.lhe ,apenas ,

FELICIDADES AMIGO

e deixar.lhe

.
um beijo
( antes de levantar a taça de champanhe ... de preferência francês )

João Rasteiro disse...

Mesmo sem champanhe ergo a taça da vida com todos os amigos(os aqui presentes, os ausentes e com aqueles já só ausentes, mas agora definitivamente ainda mais presentes.
Obrigado e beijinhos (neste caso, uus mais especiais à Alice e à Gabriela).
joão

Maria João disse...

"(...) Ser bardo/é tocar o fogo/é estar no correr das águas da tempestade (...)".
João, os teu poemas olham-me e exigem-me uma leitura minuciosa. Eu obedeço... E gostaria muito de poder esgotar todas as possibilidades que eles oferecem.
Cheguei tarde, mas quero deixar aqui um grande abraço de parabéns meu e do Carlos.
Maria João

João Rasteiro disse...

Um agradecimento tardio (no meu coração ele já estava enraizado) à Maria João e ao Carlos.
Normalmente não estou sempre a agradecer para não parecer lamechas, mas, reconheço que devido a esse meu feitio(defeito?)por vezes posso parecer ausente e desatento.
MEA CULPA.
Aos amigos, um forte abraço e um obrigado, precisamente por serem isso...AMIGOS.
joão

Anónimo disse...

foi ontem , João, chego atrasado , mas deixo-te um abraço de muitos anos , muitos anos...
zé marto

João Rasteiro disse...

Obrigado Zé. Espero que vás (aos poucos) escutando o búzio...
Um abraço,
joão

Lord of Erewhon disse...

Bela poética.

Anónimo disse...

cruzes canhoto