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MARLBOROUGH DRIVE
Se pudermos estar felizes não será mais bela
a voz do trompetista de Oklahoma? Oh, there’s
a lull in my life. Sim, o amor é triste e o mundo
é árduo e nunca nos serviu como convinha. Mas
nas cercanias da vila, no Volkswagen em segunda
mão, vê como resplandecem os vidros de Marlborough
Drive ao entardecer! Uma ambição sentimental
à nossa pequena escala, prados entre castanheiros,
duas onças de tabaco de enrolar. Que importa
que tudo rode para um fim e que a nossa verdadeira
condição seja morrer um pouco mais a cada instante?
A pele reconhece estas canções, sabe que é Junho,
conhece a estrada que devemos escolher. A pele
é sábia. Por uma vez, que valha a pena morrer.
SENHORES PASSAGEIROS
Alguns rapazes avançam mais depressa
para a morte, mas todos se debatem
com a vida que lhes resta. Às voltas
no cimento das cidades, entre
a estrangulada circulação dos veículos,
segredam ao ouvido de um deus
surdo: concede-me um novo amor
igual ao dos meus irmãos. Entretanto
são mais as raparigas que não lêem livros
no venenoso relento das estações
ferroviárias, chupam rebuçados
de menta com fel, suavemente inclinam
a cabeça para ouvir: senhores passageiros
vai dar início à sua marcha o comboio
com destino a Santa Apolónia da escuridão.
Se pudermos estar felizes não será mais bela
a voz do trompetista de Oklahoma? Oh, there’s
a lull in my life. Sim, o amor é triste e o mundo
é árduo e nunca nos serviu como convinha. Mas
nas cercanias da vila, no Volkswagen em segunda
mão, vê como resplandecem os vidros de Marlborough
Drive ao entardecer! Uma ambição sentimental
à nossa pequena escala, prados entre castanheiros,
duas onças de tabaco de enrolar. Que importa
que tudo rode para um fim e que a nossa verdadeira
condição seja morrer um pouco mais a cada instante?
A pele reconhece estas canções, sabe que é Junho,
conhece a estrada que devemos escolher. A pele
é sábia. Por uma vez, que valha a pena morrer.
SENHORES PASSAGEIROS
Alguns rapazes avançam mais depressa
para a morte, mas todos se debatem
com a vida que lhes resta. Às voltas
no cimento das cidades, entre
a estrangulada circulação dos veículos,
segredam ao ouvido de um deus
surdo: concede-me um novo amor
igual ao dos meus irmãos. Entretanto
são mais as raparigas que não lêem livros
no venenoso relento das estações
ferroviárias, chupam rebuçados
de menta com fel, suavemente inclinam
a cabeça para ouvir: senhores passageiros
vai dar início à sua marcha o comboio
com destino a Santa Apolónia da escuridão.
.....................................................R.P.C.
................AMÁLIA (10 anos de saudade) - Barco Negro
1 comentário:
assim se (des)tecem as teias da POESIA
.
um beijo
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