Continuando a publicação dos poetas, pela ordem de inserção na revista, que inclui na antologia de poesia portuguesa que organizei recentemente para a revista Colombiana ARQUITRAVE (http://www.arquitrave.com/principal.html), hoje o poeta referenciado, como habitualmente, com dois dos poemas seleccionados para a antologia, conjuntamente com a respectiva análise critica à sua poesia e que integra o ensaio de introdução da antologia "A Poesia Portuguesa Hoje", é o poeta Daniel Faria:
"(...)é, sem dúvida, para a generalidade da crítica, a voz mais importante da “nova poesia portuguesa” surgida na década de 90 e que se afasta de alguma forma dos cânones até aí vigentes, apesar das influências de uma Luiza Neto Jorge e especialmente de Herberto Helder, e que flui torrencialmente, não só, como uma experiência mística, mas como uma mecânica de escrita depurada e em que a metáfora é o corpo de deus ou da natureza, numa consistente prática de questionamento da linguagem. Poesia intimamente interligada com o texto bíblico, concebe e pratica o lirismo da palavra como exegese da elevação do ser humano acima de si. Como refere Luís Adriano Carlos, Daniel Faria, como qualquer grande poeta da modernidade romântica em que vivemos, procura pela exaltação estética uma via de acesso à exaltação do sagrado e ao reino do espírito. É uma poesia de grande beleza e maturidade que representa uma geração". - João Rasteiro
.
As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo,
As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.
É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas
Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos
As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.
.
As manhãs
Das manhãs
Apenas levarei a tua voz
Despovoada
Sem promessas
sem barcos
E sem casas
Não levarei o orvalho das ameias
Não levarei o pulso das ramadas
Da tua voz
Levarei os sítios das mimosas
Apenas os sítios das mimosas
As pedras
As nuvens
O teu canto
Levarei manhãs E madrugadas.
..................................D. F.
.................AMÁLIA (10 anos de saudade) - Estranha forma de vida
"(...)é, sem dúvida, para a generalidade da crítica, a voz mais importante da “nova poesia portuguesa” surgida na década de 90 e que se afasta de alguma forma dos cânones até aí vigentes, apesar das influências de uma Luiza Neto Jorge e especialmente de Herberto Helder, e que flui torrencialmente, não só, como uma experiência mística, mas como uma mecânica de escrita depurada e em que a metáfora é o corpo de deus ou da natureza, numa consistente prática de questionamento da linguagem. Poesia intimamente interligada com o texto bíblico, concebe e pratica o lirismo da palavra como exegese da elevação do ser humano acima de si. Como refere Luís Adriano Carlos, Daniel Faria, como qualquer grande poeta da modernidade romântica em que vivemos, procura pela exaltação estética uma via de acesso à exaltação do sagrado e ao reino do espírito. É uma poesia de grande beleza e maturidade que representa uma geração". - João Rasteiro
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As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo,
As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.
É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas
Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos
As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.
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As manhãs
Das manhãs
Apenas levarei a tua voz
Despovoada
Sem promessas
sem barcos
E sem casas
Não levarei o orvalho das ameias
Não levarei o pulso das ramadas
Da tua voz
Levarei os sítios das mimosas
Apenas os sítios das mimosas
As pedras
As nuvens
O teu canto
Levarei manhãs E madrugadas.
..................................D. F.
.................AMÁLIA (10 anos de saudade) - Estranha forma de vida
2 comentários:
boa informação :))
beijinho*
Olá madalena (S.M.), bem aparecida. As Cores da Vida iluminaram-se em "sua" beleza...
Bj.
joão rasteiro
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