sábado, 11 de outubro de 2008

O CÂNTICO das PRAGAS (Vídeo e poema):


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O Cântico das Pragas

É das palavras
que irradia a morte soberana
os lugares sitiados, a blasfémia do silêncio.
Todos morrem nas palavras disponíveis
apenas os corvos tristes
a quem soldaram o bico com prata
suspendem a morte
no branco das túnicas da água visível.
É nesse espaço
onde antes iam os homens sedentos
alimentar a fractura das vísceras
comendo de rastos com as cobras
que a chuva cai geométrica
estilhaçando o alastro das gargantas
que guardam as sílabas com aroma de tílias.
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O homem está morto dentro do poema
como a linguagem das antigas escrituras
e é o seu corpo que brilha através do branco.
As cobras emergem do chão
abrigam-se nas túnicas álgidas
e aproximam-se do corpo do homem exposto
iluminadas em sua própria loucura.
Engolem os restos da carne corrompida - mas,
inexplicavelmente poupam-lhe os olhos -, depois,
saboreiam o que lhes vai consumir
para sempre a língua, o coração das entranhas.

O segredo absoluto e divino do extermínio do verbo.
João Rasteiro
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http://www.ces.uc.pt/novaspoeticas/pages/portugues/homepage.php
http://alapidacaodasilaba.blogspot.com/search/label/Jo%C3%A3o%20Rasteiro
http://alapidacaodasilaba.blogspot.com/

3 comentários:

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Gostei muito de ler este poema , nada se me tornou inoportuno na leitura folgada que fiz dele... Depois voltei a ler e com redobrado gosto.....
abraço amigo
_________________ JRMarto

João Rasteiro disse...

Obrigado Zé. E já agora, digo-te que vou passando várias vezes pelo "VÁ ANDANDO", mesmo se não comente.
E por isso, nesta tarde - "Uma tarde ainda rolada com o cheiro do Verão, o sabor quente das horas e dos frutos já não eram colhidos ao entardecer, sonhávamos, havíamos de ir ainda sem chover, se tudo se conduzisse bem até à beira do mar(...)"- é bom "ouvir" os amigos.
um grande abraço,
joão rasteiro

Gabriela Rocha Martins disse...

ABSOLUTA
mente

DIVINO


( e mais não digo )


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um beijo