No princípio era o crime, o crime limpo
que do caos em suas bocas de virgens
extraía todos os corpos da órbita coaxial
e nos ímanes os corações das palavras
que nos sustentam – ele fluiu, originando
os limites nus do mundo, a vida e a morte
nos primeiros caracteres de magia negra,
o êxtase urdido na paixão do sofrimento
e todas as pragas irromperam dos espigões,
os ecos carbónicos da demência, as raízes
que amavam as nascentes dos deuses vivos
toda a terra fervilhando em matéria sublime.
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No princípio era o crime, o crime que da chuva
fornecia a força das lágrimas, espaço de febre
em sua arte de ser flor, o perfume das distinções
da metamorfose do lírio, hoje, apenas, a poesia.
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No princípio era o crime, o crime que da chuva
fornecia a força das lágrimas, espaço de febre
em sua arte de ser flor, o perfume das distinções
da metamorfose do lírio, hoje, apenas, a poesia.
João Rasteiro
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4 comentários:
A poesia ou a assunção do crime santo,
porque nascido da idade do ouro, quando
Zeus ainda não imperava sobre Cronos.
Diria ainda. Há um aroma Hölderliano neste poema.
Voilà!
L.C.
uma maravilha, deste poema destaco os três últimos versos ...
um abraço para ti, João
_____________ jrmarto
belo!
no princípio era.....
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um beijo
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