domingo, 8 de março de 2009

Rotas Reinventadas

tratado das veias

É assim o corpo:
como as rosas do metal
em peso sobre as bocas, sangrando devagar,
gota a gota, apocalíptico, inesgotável espaço
pulmonar, sílaba a sílaba como a sagrada perfuração
dos espinhos. O estilo de cantar
a fervura das águas, as gigantes sequóias e
o esquivo beija-flor,
correspondências ébulas
que visam
só uma inviolável e amorosa esfera
de linguagem
nua em suas espécies de verbo,
seu eco de carmesim como teorema biológico:
poesia.


Pétalas negras de dialecto infinito:
natureza e desejo
de constelações, o gerânio e a libélula,
as crias fervilhando inscritas
com os sexos dentro do movimento,
a percussão violenta e obsessiva
da antecipação das veias, o génesis das fendas
sob a palavra centrífuga.
E, para além das chuvas,
o corpo aberto para quem se afoitar no murmúrio
dos inclassificáveis,
nessa ixicial geografia de oiro
onde se ocultam o bdélio e a pedra de ónix.
E há a criança-magnólia de um poema em seu sal único:
ressureição.


E se os lamentos das aves sobre a arte das anopsias
que cobrem a luz dos abismos
avivam a elisão da caligrafia branca
dos afectos, corpo e poema, sós em seu coito:
If you`ll believe in me, I´ll believe in you. Is that a bargain?
João Rasteiro
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Hoje é o dia mundial da mulher. A minha simples homenagem é feita com a extraordinária canção do Chico, Geni e o Zeplim.
............................"Geni e o Zepelim" - Chico Buarque

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