sábado, 16 de maio de 2009

Cânticos da terra

António Salvado, eu e Pedro Salvado
Acaba de ser editado o mais recente livro do poeta António Salvado - "ODES".
O livro agora editado é uma edição de luxo da Caixotim, integrado na série "Da palavra o fruto", sendo de realçar que o próprio nome da série é da autoria de António Salvado. Na obra emerge a pintura de Raul Costa Camelo, aqui num fraterno e excelente diálogo com a poesia do poeta, englovando seis reproduções de pinturas inéditas. Pela poesia que leu, editou e criou, pelo contributo dado à poesia portuguesa (como já vão longe os anos de convívio e criação com Herberto Helder e a revista "Folhas de Poesia"), com mais de 50 anos de vida literária, António Salvado, talvez Castelo Branco seja muito distante(!?!), já mereceria algumas distinções que tantos, ou alguns por aí já granjearam. Pelo menos "nuestros hermanos" e a mágica Salamanca não o deixa(ra)m passar "despercebido".
É uma longa obra onde a energia poética é um valor intrínseco à sua criatividade, uma obra marcada e guiada por um notável equilíbrio que lhe grangeou, pelo menos, um lugar de destaque na sua geração.
Embora se possa afirmar existir na sua obra uma determinada preponderância por um tom lírico, há na poesia de António Salvado uma "reiterada prática de composição que consiste em desmontar as palavras para que, a partir dos inesperados resultados, possa reconstruir um mundo imaginário, que poderíamos chamar de “o seu mundo ou universo poético”, como afirma Majela Colares.
Em baixo um poema de ODES:

Nunca regresso ao ponto de partida,
quando me leva como eremita
a solidão do dia em que viajo,
quando nem horizontes desordenam
com seus fechados véus
a vontade afincada de transpor
as linhas clandestinas.
E porque voltaria? Trabalhoso
seria descobrir
de novo a senda aberta ao retornar,
com poeiras e pedras, sobressaltos,
em toda a dimensão da revoada.
O ponto de partida
diluiu-se aliás no pesadelo
de noites infindáveis, sem contorno,
sem astros pelo céu a tilintarem
e sem segurança do romper
da manhã desejada.
Companheira leal, a solidão
parte sempre comigo
até onde a distância não existe.
.............................António Salvado



http://bibliotecamunicipalcastelobranco.blog.com/4805119/
http://www.urbi.ubi.pt/_urbi/pagina.php?codigo=5874
http://memoriarecenteeantiga.blogspot.com/2009/04/um-livro.html http://antoniosalvado.blogspot.com/

http://www.citador.pt/poemas.php?poemas=Antonio_Salvado&op=7&author=21251


4 comentários:

Gabriela Rocha Martins disse...

ainda não percebeste ,meu amigo ,que ,neste Portugal dos pequeninos ,os verdadeira mente grandes só são reconhecidos fora de portas ou depois de mortos ,de preferência ,com algumas garrafas de vinho à mistura?


.
um beijo

Anónimo disse...

é bem verdade, joão, a solidão é a única leal companheira do poeta. gostei muito de conhecer este :) um grande beijinho.

Anónimo disse...

Olá João!Há quanto tempo!Como tem passado? Bem, espero. Passei por aqui para dizer que estive na apresentação de "Odes", em castelo Branco. Foi bom rever o Grande Poeta e Amigo António Salvado e ouvir as palavras elogiosas para com ele. A sua humildade e sentido de humor desarmante fizeram-me ter mais admiração ainda por ele.

Um abraço e até um dia destes.

Carla Loureiro

João Rasteiro disse...

Um beijinho para as três meinas!
Seja bem aparecida menina Carla, como vão as coisas por aí.
Logicamente que este meu post é uma pequena homenagem ao António Salvado - merecida!
É assim a poesia...solidão, emoção, coração...solidão!
joão