quarta-feira, 13 de maio de 2009

Linguagen(s)

TIRANIA
.
Nunca se aprisionam as súplicas
enquanto súplicas, mas apenas
aprisionamos uma voz noutra
voz, ou mesmo dentro de outra
voz. O espaço sangra rubro como
amoras. Do mesmo modo, nunca
lemos o poema enquanto poema,
mas apenas lemos (n)um poema
outro poema, ou mesmo dentro
de outro poema – inteiro, exposto.
E há a fábula das horas obscuras
com uma terrível doçura de garras
embrionárias - borboletas de voz.
.
A tirania é a agonia do verbo - mapa
que inclina insane a cegueira das flores.
.........................................João Rasteiro

2 comentários:

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

,,,è bem verdade, Jõao, um poema é sempre múltiplo...
Que poema eu li aqui que tanto gostei ?
um abraço, Poeta
________ Zé Marto

Anónimo disse...

muito bem escrito, porque o poema aqui escrito pode "não" ser o mesmo que eu li... interessante :) beijinho grande, joão.

(obrigada pelas tuas palavras n'a tradução)