sábado, 3 de outubro de 2009

Escrituras



..............Eu, Mário Lúcio Sousa, Carlos F. Moisés e Ricardo Aleixo

O cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa, poeta, ficcionista, pintor e músico, foi o vencedor da II Edição do Prémio Literário Carlos de Oliveira, concurso promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede e ainda pela Fundação Carlos de Oliveira, com a obra que se intitula O Novíssimo Testamento.
O júri justificou a atribuição do prémio, uma vez que “a obra se distingue de todas as outras apresentadas a concurso”, assinalando ainda “a grande originalidade da abordagem que faz ao religioso (…), o que evidencia um vasto conhecimento sobre o tema”, sublinhando ainda “a notável capacidade de escrita que se encontra bem patente na riqueza e vastidão do léxico utilizado”.
Na fundamentação apresentada à atribuição do prémio a O Novíssimo Testamento foi ainda aludida “uma efabulação poderosa, rica em imaginação e temperada por acentos de humor, que recorre muitas vezes à ironia e ao picaresco”. Segundo a perspectiva do júri, Mário Lúcio Sousa retoma em O Novíssimo Testamento as Escrituras Sagradas, “reinventa-as por meio do recurso a um contrafactual herdado da teologia medieval, colocando a hipótese de Jesus ter sido mulher e explorando as vastas implicações e consequências dessa hipótese”.
O valor do Prémio Literário Carlos de Oliveira é de 5.000 euros, verba totalmente suportada pelo Município de Cantanhede, ficando também assegurada a publicação da obra pela autarquia. Obra, que desde já proporciona alguma expectativa, especialmente a mim, que essencialmente conhecia o Mário Lúcio de Sousa da poesia (estive com ele em Maio de 2004 em Coimbra, em excelentes convívios, durante os "V Encontro Internacional de Poetas"), apesar de já ter publicado romances e teatro, da pintura e naturalmente da música, especialmente com o seu grupo Simentera.
Não esquecer que devido à sua actividade e importância para e pela cultura, Mário Lúcio Sousa foi condecorado pelo Presidente da República de Cabo Verde em 2006 com a Ordem do Vulcão, ao lado de Cesária Évora, tendo sido o artista mais novo a receber tal distinção.
Da antologia Poesia do Mundo 5 alguns extractos:
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Poemas de Ilustração
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1
Cabo
Verde se chamou-
-não tem nome de fruta
mas o estado dela enverga.
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2
Queiram ou não
Têm de acenar umas às outras
As ilhas, pois,
Fingem que zarpam sempre.
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6
As frutas que neste chão não caem
À lua vão beber
Certamente.
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10
Não me falem de grandeza, não
Nem de infinito, nem de mim
Eu, homem e pretensa imensidão
Frente ao eco que a voz me devolve.
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12
Se ao subirem
o vento, as pedras, as nuvens e o som caíssem
as ilhas teriam montes a
seus pés.
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27
Têm um fundo falso
Os vulcões
Onde os deuses confabulam as gestações.
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28
O mar tudo à terra devolve
Até mesmo as ilhas.
.................Mário Lúcio Sousa

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem sabia que ele era escritor, eu já Há muito que gosto da sua música, aliás eu sou fanático pela música cabo-verdiana. Muitos parabéns entaão ao escritor Mário Lúcio Sousa.

Edson da Cruz

Gabriela Rocha Martins disse...

obrigada pelo dado a conhecer



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um beijo