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A INfÂNCIA de HERBERTO HELDER
No princípio era a ilha
embora se diga
o espírito de Deus
abraçava as águas
Nesse tempo
estendia-me na terra
para olhar as estrelas
e não pensava
que esses corpos de fogo
pudessem ser perigosos
Nesse tempo
marcava a latitude das estrelas
ordenando berlindes
sobre a erva
Não sabia que todo o poema
é um tumulto
que pode abalar
a ordem do universo agora
acredito
Eu era quase um anjo
e escrevia relatórios
precisos
acerca do silêncio
Nesse tempo
ainda era possível
encontrar Deus
pelos baldios
Isto foi antes
de aprender a álgebra
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O SILÊNCIO
Regressamos a uma terra misteriosa
trazemos uma ferida
e o corpo ferido
imprevistamente nos volta
para margens mais remotas
Giorgio Armani tinha declarado
àquele jornal inglês: «o luxo desagrada-me,
é anti-democrático.
Quero agora homenagear os operários de todo o mundo»
Eu só pensava em São João da Cruz
enquanto ouvia pela enésima vez:
«a moda substituiu o luxo
pela elegância»
João da Cruz fala de coroas,
resplendores, casulas
véus de seda, relicários de ouro e
diamantes
para lá do jogo das nossas defesas
qualquer coisa interior
a intensa solidão das tempestades
os campos alagados,
os sítios sem resposta
o teu silêncio, ó Deus, altera por completo os espaços.
..................................................................J. T. M.
AMÁLIA - (10 anos de saudade): Povo que lavas no rio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Tolentino_Mendon%C3%A7a
http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/jose_tolentino_mendonca/poetas_josetolentinomendonca01.htm
1 comentário:
excelente - o dar a conhecer os poetas seleccionados ,assim como os pequenos adventos justificativos dessa selecção
aplaudo ,de pé com
.
um beijo
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