domingo, 8 de novembro de 2009

"A Poesia Portuguesa Hoje" - IV


Progredindo com a publicação dos poetas, pela ordem de inserção na revista, que inclui na antologia de poesia portuguesa que organizei recentemente para a revista Colombiana ARQUITRAVE (http://www.arquitrave.com/principal.html), hoje o poeta referenciado, como habitualmente, com dois poemas seleccionados para a antologia, conjuntamente com a respectiva análise critica à sua poesia, que integra o ensaio de introdução da antologia "A Poesia Portuguesa Hoje", é o poeta Luís Quintais:

"(...) entre os poetas da “sua geração” Luís Quintais é, talvez, o que se mostra pela poética mais alusiva e referencial. É uma poética que se pode situar nos intervalos encantatórios do quotidiano e da imagética. Poesia culta, reflexiva e filosófica, denotando um percurso urbano e o olhar maduro de um etnógrafo à procura do significativo. É uma escrita que normalmente parte do real para a sua transfiguração. Existe em Luís Quintais a perfeita consciência de que a poesia está, obrigatoriamente, dentro da própria linguagem." - João Rasteiro
.
I

O estrépito que o passado faz.
As palavras gritadas.
A terrível máquina de dizer
e calar.
Tudo gira no nada
e no nada se compraz.
Uma fúria ergue-se
no plasma.
Uma cidade é destruída.
Escuta os muros
que se abatem.
Desenha árvores,
o rápido deslizar de nuvens,
o desenho que a mão faz
quando teme agarrar o sentido,
e o sentido é escuro, escuro.
.
III
O rio escurecia
e depois aclarava e depois escurecia.
As árvores gravitavam nas margens
da tua memória,
faziam correr estilos de morte e promessa.
As personagens do inscrevível
seriam afinal mais monstruosas
do que se suspeitara,
e os insectos emudeciam
enquanto o outono regurgitava as suas vítimas.

E tu, tu? E tu fazias abolir
o sentido para fazer eclodir de novo
o novo sentido. E tu procuravas entre despojos
um aro de bicicleta partido,
um casaco com bolsos que dessem para o improvável,
um qualquer outro achado preso à cega geometria
e à circunstância do procurar.
.......................................................L. Q.
......................AMÁLIA (10 anos de saudade) - COIMBRA
.

7 comentários:

Rita Dahl disse...

Parabens João e cumprimentos da Finlândia! Eu támbem tive planos com esta revista colombiana de fazer uma antologia da poesia finlândesa - más depois pediram o dinheiro (que não temos) e foram cancelado tudo. Então, agora estámos a planear colocar isso em site venezuelana: www.lamajadesnuda.com.

Rita Dahl disse...

João, ouviste algo sobre antologia de nosso festival? Mandei meus poemas para Graca, más nunca recebi uma resposta. Espero que estarei alí no livro támbem. Poderia confirmâ-lo quando vê a Graca?

Estás ainda editar esta revista literária em Coimbra? Nunca recebi a resposta de ti, quato aos meus poemas.... Tenho mais versões das algumas poemas.

bonecadetrapos disse...

das suas escolhas, caro Rasteiro, fica-me sempre a vontade perene de delongar o tempo por dentro da raiz matricial, beber da fonte de onde me chegam os poemas, como afluentes.

e isso é demasiado bom. e disso lhe sou grata. um novo (para mim desconhecido, mea culpa...) poeta.

a reter.

Saudações com estima e o meu sincero aplauso pelo trabalho que em prol da cultura e do crescimento de todos nós, seus leitores, realiza.

*___bonecadetrapos__*

João Rasteiro disse...

Eu é que agradeço que vá passando por aqui, mais vezes que eu vou passando por "aí" - logo, eu é que digo mea culpa.
Quanto às suas palavras, agradeço, mas, naturalmente, "tais palavras são profundamente exageradas".
Bjs.

joão

João Rasteiro disse...

Logicamente que o meu comentário anterior era para a *___boneca detrapos___*.
Bjs.

joão

João Rasteiro disse...

Rita, eu depois respondo-te no teu blogue. Obrigado por apareceres.
Bjs. de Coimbra para essa Filândia misteriosa.

joão

gabriela rocha martins disse...

assim se vai respirando

POESIA

enquanto o aguardar nos anseia




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um beijo