Continuando a persistir na publicação dos poetas (7º), pela ordem de inserção na revista, que incluí na antologia de poesia portuguesa que organizei recentemente para a revista Colombiana ARQUITRAVE (http://www.arquitrave.com/principal.html), hoje, o poeta referenciado, como habitualmente, com dois dos poemas escolhidos para a antologia, juntamente com a respectiva análise critica à sua poesia e que integra o ensaio de introdução da antologia "A Poesia Portuguesa Hoje", é o poeta José Luís Peixoto:
(...)cuja poética não é muito fácil de situar, embora com algumas aproximações a uma poesia do quotidiano, vamos encontrar uma poesia que possui uma espécie de força que é uma espécie de fraqueza, e uma espécie de fraqueza que é uma espécie de força, não sendo uma poesia que cultive uma forte imagética, mas sim, uma poética que se alimenta de narrativas do dia-a-dia (por vezes é possível encontrar alguma redundância) e da memória. Uma poesia melancólica, quase totalmente despida de esperança, onde os versos roçam a realidade da morte, do amor, da vida, da não vida, do estar estando e do estar sem permanecer. Apontando para um neo-realismo tardio, é uma poesia que procura afincadamente a descrição da realidade de quem se quer livrar dos destinos traçados. Poesia que roça por vezes a prosa, num diálogo permanente com o seu mundo". - João Rasteiro
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EXPLICAÇÃO DA ETERNIDADE
devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.
LIMPAR O PÓ
Como se ontem e os dias antes de ontem
se tivessem desfeito sobre as prateleiras,
como se pudéssemos escrever palavras
nas suas cinzas com a ponta do dedo,
como se bastasse soprar para vermos
as suas imagens, de novo, numa nuvem.
devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.
por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.
foste eterna até ao fim.
LIMPAR O PÓ
Como se ontem e os dias antes de ontem
se tivessem desfeito sobre as prateleiras,
como se pudéssemos escrever palavras
nas suas cinzas com a ponta do dedo,
como se bastasse soprar para vermos
as suas imagens, de novo, numa nuvem.
........................................................J.L.P.
.............AMÁLIA (10 anos de saudade) - Fado Português
4 comentários:
curiosa ,muito curiosa ,a poesia de José Luís Peixoto
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um beijo
Estimado João,
embora respeite as suas escolhas, bastante subjectivas, e esteja até de acordo com algumas delas, creio, porém, que a poesia de José Luís Peixoto não tem musculação necessária para ser representativa do que é ou poderá ser em Portugal a poesia de hoje. Depois considero o título que o João aqui usa " A poesia Portuguesa Hoje "bastante redutor, mesmo infeliz. A meu ver muito mais justo seria se o joão tivesse usado o título: " Alguma da poesia portuguesa de Hoje "
Um abraço: Luís
Caro Luís, em primeiro lugar, obrigado por ir passando pelo "centro do arco". Depois, e indo directo às suas críticas e/ou comentários, quero-lhe dizer o seguinte:
1) dos poetas escolhidos por mim para integrarem esta antologia, nem todos são poetas que tenham bastante a ver com os meus gostos e poéticas onde eu navego, bebo e desaguo (Poderá constatar esta minha afirmação na entrevista que dei à Agência Lusa: http://www.agencialusa.com.br/gpdf.php?iden=27367 ), mas,procurei, até tendo em conta o pequeno ensaio introdutório que realizei, agrupar poetas com alguma abrangência das poéticas actualmente realizadas em Portugal, goste-se ou não de algumas delas. Refiro ainda, que esta minha explicação é geral, e não se aplica exclusivamente ao poeta por si referido.
2)Quanto ao título, este foi escolhido pela revista e a mim comunicado, quando a antologia já tinha sido enviada para a gráfica.Porque o título inicial, escolhido por mim, era: "Poesia portuguesa contemporânea: Quotidiano e Imagética".
3) Refiro ainda, ter sido escolhido para esta antologia o poeta Jorge Melícias, que devido a questões (não imputáveis ao poeta referido)que não interessam agora aqui escalpelizar, acabou por não integrar a antologia.
Espero ter esclarecido de alguma forma o contexto de surgimento desta antologia, afirmando que de qualquer forma, o que me moveu foi a poesia (mais do que os poetas) e contribuir para a sua divulgação, para mais, sendo a primeira vez que foi publicada uma antologia (vários poetas já o foram, inclusive este seu amigo)na Colômbia.
Um grande abraço de Coimbra,
João Rasteiro
Estimado Poeta,
com todo o respeito agradeço a sua resposta.
Um abraço em nome da poesia:
Luís
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