sábado, 5 de dezembro de 2009

"A Poesia Portuguesa Hoje" - VIII

Pela oitava vez, a publicação dos poetas, pela ordem de inclusão na revista, que incluí na antologia de poesia portuguesa que organizei recentemente para a revista Colombiana ARQUITRAVE (http://www.arquitrave.com/principal.html), hoje, o poeta referenciado, como habitualmente, com dois dos poemas escolhidos para a antologia, juntamente com a respectiva análise critica à sua poesia e que integra o ensaio de introdução da antologia "A Poesia Portuguesa Hoje", é o poeta José Rui Teixeira:

(...)cultiva cada vez mais uma poesia imagética e discursiva, alicerçada na relação do sujeito com o sobrenatural. Como já referiu o próprio poeta, a sua poesia é um lugar habitado por aparições oníricas e fantasmáticas, como memórias difusas, como narrativas subterrâneas ou luminosas, em que Deus paira como na superfície das águas (…), uma poesia neo-simbolista, mitológica e idiossincrática. Uma poesia onde o jogo imagético emerge sempre num presente absoluto que questiona a existência e a transitoriedade da vida. Como refere Pedro Sena-Lino, uma poética com um olhar consciente da transitoriedade do corpo (…), da mecânica do ser e da sua lógica profunda". - João Rasteiro

Os que vão morrer misturam barro
com limalhas e adoecem. O sémen
escorre do interior das mulheres
como se não houvesse promessa
ou manhã nos corpos caídos.
Os que vão morrer adormecem
como se a terra lhes pesasse
desmesuradamente sobre a carne,
como se insectos lhes devorassem
as entranhas. E morrem por amor, creio.

.

Os velhos esperam os filhos dos filhos ao meio dia
como se esmagassem a força dos dedos contra
as carótidas e não houvesse tempo de vê-los crescer.
Atravesso a rua ao meio dia. Oráculo do Senhor.
E estremeço com o olhar lânguido da adolescente
que madura o útero na opacidade comovida
da sua juventude. Repito: o coração é um órgão
incendiado. Mas tu disseste-me: não despertes
o que dorme, não agites as águas paradas;
encontrarás Deus nas margens do grande rio
.

............................................................J.R.T.

.........AMÁLIA (10 anos de saudade) - Solidão/"Canção do Mar"

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