domingo, 20 de dezembro de 2009

"A Poesia Portuguesa Hoje" - X

Pela 10º e última vez, a publicação dos poetas, pela ordem de inclusão na revista, que incluí na antologia de poesia portuguesa que recentemente organizei para a revista Colombiana ARQUITRAVE (http://www.arquitrave.com/principal.html), hoje, a poeta referenciada, como habitualmente, com dois dos poemas escolhidos para a antologia, juntamente com a respectiva análise critica à sua poesia e que integra o ensaio de introdução da antologia "A Poesia Portuguesa Hoje", é a poeta Catarina Nunes de Almeida:
"(...)a poesia de Catarina Nunes de Almeida, que de alguma forma se situará próxima de uma poesia de forte carga imagética, reflecte o fascínio pela poesia oriental. Nota-se nela um esforço de transparência e simplicidade que a aproxima do género de haikai, numa relação mulher-natureza, sempre mais evocada do que contemplada. Sente-se o objectivo de transmitir “sentimentos”, de alguma forma contraditórios, entre o real e o metafísico, através de um jogo de palavras “especiais”, um jogo assente em termos que são essencialmente da botânica". - João Rasteiro
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Solo

Um dia os nossos gestos serão verdes.
Dormiremos aos pés da terra
nas nossas bocas só os pés da terra
e a folhagem em vez dos meus braços.
Basta um grão de pó na unha
a noite dedilhada no centro do poro
para que eu estenda os seios no deserto
depois da vindima. Entre a pele e as espigas
já não restam reticências – apenas uma escama
com que agasalho o mundo.
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Fusão

I
Quando as amoras estão maduras
a menstruação corre no vale
vinda do teu lado. A noite é uma ponte
deitada sobre as margens da cintura:
lugares de xisto onde repousam
sombras de animais.

II

Por vezes os seios crescem-me no teu peito.
Os dias vêm quando vêm os teus lábios
maçã que mordo entre as pernas.
Todo o nosso corpo é flor mútua
escultura que brotou do mesmo chão
imperfeita.
...............................................C.N.A.
....AMÁLIA (10 anos de saudade) - "Não sei porque te foste embora"

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