sábado, 22 de novembro de 2008

Lavra e Pousio

O livro do poeta João Rui de Sousa, Quarteto Para as Próximas Chuvas, editado pela Dom Quixote em Março passado, foi o mais recente vencedor do Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes - 2008, instituído pela Câmara Municipal de Amarante. O júri (composto por Fernando Pinto do Amaral, António Cândido Franco, Luís Adriano Carlos, António José Queiroz e Isabel Morujão) decidiu por unanimidade atribuir o prémio ao poeta que "sabe equilibrar a distensão da linguagem com um sentido elíptico que se diria voluntariamente assumido, as preocupações sociais com a ambiguidade de uma linguagem que acaba por encontrar o espaço próprio das suas imagens e metáforas, uma dispersão surrealizante com uma maior exigência e limpidez na construção poemática".
Nascido em Lisboa em 1928, João Rui de Sousa estreou-se nas Letras na revista Cassiopeia, de cujo núcleo directivo fez parte, conjuntamente com António Ramos Rosa, António Carlos (Leal da Silva), José Bento e José Terra.
Tendo publicado o seu primeiro livro, Circulação em 1960, em 2002 publicou a Obra Poética 1960­-2000 e em 2005, Lavra e Pousio.
Em toda a sua extensa obra predomina de uma forma bastante evidente uma linguagem depurada que recusa a excessiva explicitação da palavra poética e valoriza a imagem e a autonomia das palavras em detrimento da discursividade, como se procurasse sem cessar o diacrítico sagrado das palavras.
Da obra premiada, o poema "O infindável dos pretextos poéticos":
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O infindável dos pretextos poéticos
Até à evidência,
até ao clarear de aves nocturnas
em rotundos prados, até ao fogo
das queimadas
(até à queima de si mesmo
no centro das cavernas, entre cães
de Lascaux, bisontes de Altamira),
até ao gotejar da água e à lasciva
seda de dormir entre folhagens,
até ao lago fundo e até à cinza
duma penumbra errante (pragal
de nostalgia e de quebranto)
– há sempre atalhos rubros
para a escrita,
há sempre airosas rãs
para a nossa fala.
João Rui de Sousa
................"Por morrer uma andorinha" - Carlos do Carmo

3 comentários:

Helena Figueiredo disse...

Li alguns dos seus textos metapoéticos e gostei sobretudo do texto que apresentou na bienal III de Silves: Poesia, Poeta , Poema - linguagem. Hoje convido-o a ler um texto meu que se encontra no meu ( e da Helena ) blogue com o título: Poema, Poesia ou linguagem cósmica.

L.C.

Gabriela Rocha Martins disse...

um excelente POETA
um excelente poema
uma excelente escolha
um merecidíssimo prémio

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duas almas gémeas



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um beijo

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Grato por trazeres aqui um grande poeta , e dele um livro que muito aprecio ...
Com este prémio estamos todos de parabéns !
Ah , e vou ouvir Charles du Charme !
cordialmente ____________ JRmarto