sábado, 1 de novembro de 2008

UM ANO

Faz precisamente hoje um ano que o blogue "No Centro do Arco" começou a respirar. Tempo curto, mas simultaneamente tempo longo na blogosfera. No entanto, ainda se mantêm os gumes e as labaredas do fogo que sustentaram a sua criação. Por isso, o diacrítico das palavras continuará por mais algum tempo por aqui., mesmo se com uma ligeira "roupa" nova. Por outro lado, terminado que foi este percurso de um ano, também terminou a votação do poeta mais importante das últimas décadas em Portugal. Da luta acesa no início, entre Herberto Helder e Mário Cesariny, este veio a ser o mais votado, daí a justa homenagem com os poemas " Faz-me o favor..." e " Onan dos outros" - a pintura também é sua. E porque o seu modo de saborear a vida, foi idêntico ao de Cesariny, uma música de um dos grandes músicos portugueses das últimas décadas - António Variações. Chamo a atenção de uma nova votação ao fundo da página - Qual o livro de poesia mais marcante do século XX em Portugal? Estes foram a minha escolha, mas, se quiserem sugerir outros, ou pelo Email, ou nos comentários, eu passado algum tempo, introduzirei mais dois livros na votação. Obrigado a todos os que passaram pelo blogue, mesmo não concordando com o que publiquei ou afirmei, mas é sempre nas diferenças que se constroem as igualdades e o futuro. Porque como afirma e canta A Ramos Rosa: "Apenas quero escrever/ o que não precisa de ser escrito/ para que possa acontecer". Obrigado.
Faz-me o favor...
.
Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.
.
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.
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Tu és melhor -- muito melhor!--
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
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Onan dos outros!...
.
Onan dos outros! Ó deus que dás confiança
Só a quem já confia!
E não à morrente ou garça mão que se ansa
Varonil e vazia.
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O Virgem Negra, tal me descobriram
Cincoenta anos depois,
Em minha infusão estou. Tombam, deliram
Em vão quantos seguiram
.
Minha viagem ao nunca ser dois.
No seu andor de luto e de desgraça
O Virgem Negra passa
Maior que todos os sóis.
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In, Mário Cesariny - "O Virgem Negra"
.
António Variações - É P´Ra Amanhã

http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/cesariny.html

1 comentário:

Gabriela Rocha Martins disse...

um ano
doze meses
trezentos e sessenta e cinco dias
não sei quantas horas ,minutos e segundos
se foram consumindo
e construindo
este espaço

LUZ

parabéns ,Amigo


.
um beijo ,poeta/amigo