domingo, 23 de agosto de 2009

BIG ODE nº 7


Foi lançado em Julho o nº 7 da revista BIG ODE – Poesia & Imagem, a qual integra dois poemas meus. Os coordenadores da mesma, Rodrigo Miragaia e Sara Rocio dedicaram este número ao “sublime" e o que se pode dizer é que resultou num excelente conjunto de trabalhos.

A revista inclui desta vez um DVD com pequenos vídeos de 28 artistas internacionais, o que lhe vem dar uma outra dimensão - entre eles, Alberto Guerreiro, Angelo Ricciardi, Antonia Valero, Gustaf Almlof, Jaanika Peerna, Mikey Peterson, Mohamed Ezoubeiri, Patrich Gofre, Sara Rocio ou Steven Hoskins.

A secção que neste número é dedicada à mail art acentua igualmente esse aspecto, com as participações de Arturo Accio, Clemente Padin, Hilda Paz, John Helder Jr., Vittore Baroni, Luc Fierens, Reed Altemus, Maria Arcieu, Rod Summers e Serge Luigetti, entre outros.

Quanto ao “corpo principal" da revista, constituído por poemas, fotografia, desenhos, textos e poemas visuais, tem como alguns nomes Angelo Mazzuchelli, A. Da Silva O., Constança Lucas, Fernando Aguiar, João Rasteiro, Rui Costa, Roberto Keppler, Rodrigo Miragaia, Rui Tinoco e Sérgio Monteiro de Almeida.
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Como um mausoléu
Como um mausoléu enorme e sem ninguém
frágil é a revolução difusa das constelações
que abriram de corola em corola a madrugada
o sentido heróico e excelso da sílaba de oiro
um país inclinado sobre a lírica de Camões.
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A criança e os cravos, um sopro alucinado
no nevoeiro fatigado da espera dos pássaros
os que se foram nus com as primeiras chuvas
emigrantes de outros sonhos que o tempo urde
e há clarões no céu que nunca acendem a terra.
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Talvez ainda regresse o grande guerreiro da luz
o fogo e abril nos marejados olhos das gaivotas
e mulheres transformar-se-ão em pórticos de sal
a grande flor perfumada deleitando-se primavera,
não chegará seu tempo para enlouquecer o meu.
.
Como um mausoléu geométrico e sublime dor
o golpe incide na língua que molha minha voz
ó soluço de palavras maternais e azul profundo
e se esta é ainda a ditosa pátria amada de Afonso
porque como uma concha está meu coração vazio?
................................................................João Rasteiro

1 comentário:

Luís Costa disse...

“.
Talvez ainda regresse o grande guerreiro da luz
o fogo e abril nos marejados olhos das gaivotas “

[... ]

“ ó soluço de palavras maternais e azul profundo
e se esta é ainda a ditosa pátria amada de Afonso
porque como uma concha está meu coração vazio? “


Belo poema, joão!

tom elegíaco de um saudosismo bem português, lembrando um pouco Pascoaes.

Quanto ao ritmo Camões ficaria orgulhoso

Luís