quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Bigorna e o Anjo

Eram boas pois, mas acabaram: as benditas e simultâneamente malditas FÉRIAS! Durante os dias em que o No Centro do Arco esteve de férias, participei em Vila Nova de Famalicão no PORTUGUESIA: Minas entre os povos da mesma língua, antropologia de uma poética, o meu novo livro, Pedro e Inês ou As madrugadas esculpidas, foi apresentado na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, entretanto saiu mais um número, o #7, da revista BIG ODE – Poesia & Imagem, na qual participei. Estes são alguns assuntos que voltarei a trazer aqui para o "centro do arco".
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Mas, agora quero falar da exposição individual de pintura A BIGORNA E O ANJO do surrealista holandês RIK LINA (na imagem com Mário Cesariny), a inaugurar no próximo dia 7 de Agosto na Fundação Escultor José Rodrigues (Fábrica Social) pelas 18:00, na Rua da Fabrica Social no Porto. A inauguração contará com a presença do pintor. Haverá ainda lugar a declamação de poesia, que será efectuada por mim, aliás com muito prazer, não só pelo extraordinário pintor que é o Rik Lina, mas sobretudo pela amizade que nos une. Haverá ainda uma sessão de trabalho colectivo por parte do Cabo Mondego Section of Portuguese Surrealism e ainda a apresentação do documentário audiovisual de Rik Lina com musica experimental do compositor norte americano Paul Goodman. O evento contará também com a apresentação de um belo livro com o mesmo nome, A Bigorna e o anjo, editado pela editora dEbOUt sUr ´L´OEUF.
Em baixo um poema meu que integra o livro acima referido.
.
A morte em suas cores de vida
...................................ao Rik Lina
I
Mas vede como o altivo mundo
envolto em seus trilhos de sonhos e abismos
vem orvalhando as cores em seus ardis,
um homem esconjurado em sua boca de múrias
até que a morte o estilhace em mil pedaços
nos desmedidos voos em círculos prolongados,
sob o apocalíptico branco fulgor da eternidade
as pigmentações inacessíveis dos oceanos
conjecturam que o amor absorva a melancolia
em todo os ângulos da paisagem dos naufrágios.

II
E usarei as tuas tintas na minha carne
estancando no cheiro dos dias cegueira e piedade
uma imagem de deus ou bicho circunscrito
pois uma só gota será o sangue da mancha informal
o redemoinho unívoco do coração aceso
nos sopros que desconcertam a oração das cores.

III

Há sempre o ofício de incendiar os olhos
e a luz dobra-se desnuda no âmago dos espasmos
até os dedos caírem dentro dos dedos invisíveis.
As primeiras chamas. A morte em suas cores de vida.
.....................................................João Rasteiro
...Kenny Barron Trio - Jazz Baltica 2007

2 comentários:

Márcio-André disse...

Mais uma vez passando. Deixei uma pequena homenagem a ti: http://intradoxos.blogspot.com/
abraços

João Rasteiro disse...

Obrigado pela informação "Marcinho". Uma estátua como essa não se descobre todos os dias.
Abração

joão

P.S. A Confraria sai em Setembro? A minha tradução dos poemas do Miro Villar também?

j.r.