sábado, 8 de maio de 2010

ESPAÇOS

o lugar perdido
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Todas as crias se revelam às mães
como a precisão angular
do pecado.
O corpo alastra ígneo e selvagem
sobre a cabeça do mundo
e os úteros do soluço
atulham as bocas
que abrigam a jurisdição
da violência das vísceras da promessa.
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Pois existe um lugar encantatório,
secreto e inacessível,
entre a labareda e as trevas
onde não invadem os deuses nem o medo.
As criaturas carnívoras
são transversais à floresta
que sustem o prumo do suicídio.
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São como negras magnólias que choram
porque mastigam as palavras
pelos olhos
acreditando que o que impede
a injunção do milagre
é a palavra que adultera o crisântemo branco.
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Talvez seja possível a derradeira visão
e ela amadureça o gesto da morte
por dentro do lugar
que impõem a lisura do sacrifício.
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Essa que alimenta o pudor sitiado
e os sonhos imberbes
até que ao extermínio sucumba o fogo exposto,
a sílaba inócua em seu ordálio
um lugar ao centro no inferno da língua.
................................João Rasteiro
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1 comentário:

Gabriela Rocha Martins disse...

a saudade de te ler mitigada pela presença//ausente



em forma de



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um beijo