domingo, 21 de setembro de 2008

Publius Vergilius Maro

Foi em 2003 que me foi atribuída pela Accademia Internazionale IL CONVIVIO a Segnalazione di Merito, na área de poesia, no Concurso do Premio Internazionale Il Convivio "Publio Virgilio Marone". Este prémio que foi entregue na Sala do Cenáculo, da Câmara dos Deputados do Parlamento Italiano, será, logicamente, algo que ficará para sempre na minha memória.
Públio Virgílio Marão (em latim Publius Vergilius Maro), às vezes chamado de Virgílio, (Andes, 15 de Outubro de 70 a.C. - Brindisi, 21 de Setembro de 19 a. C..

Foi precisamente há 2078 anos (se as contas tradicionais não estiverem erradas) que nasceu um dos grandes poetas e pensadores da Antiguidade, aquele que Paul Claudel, fascinado pela obra e pela figura do poeta, apelidou de o maior génio produzido pela humanidade e que mais do que um poeta, um profeta de Roma, um "vate", um poeta-profeta. Virgílio foi o cantor da tradição, criadora e conservadora da grandeza de Roma. Fez em verso aquilo que Tito Lívio (Pádua, 59 a.C. - ib. 17 d.C.), com o seu Ab Vrbe Condita, tinha feito em prosa. Considerado o maior poeta latino, a sua obra mais famosa, provavelmente uma das obras eternas da literatura e da linguagem, é a Eneida. A obra de Virgílio compreende, além de poemas menores, compostos na força da juventude, as Bucólicas ou Éclogas, em número de dez, em que reflecte nitidamente a influência do género pastoril criado por Teócrito. Literariamente, as Geórgicas são consideradas a sua obra mais perfeita. E finalmente, a Eneida, que o poeta considerou inacabada, a ponto de pedir, no leito de morte, que fosse queimada, e que constitui a epopeia nacional de um povo e de um território. Epopeia erudita, a Eneida tinha como objectivo proporcionar aos romanos uma ascendência não-grega, formulando a cultura latina como original e não tributária da cultura helénica. A sua estrutura serviu de modelo definitivo às grandes epopéias do renascimento, nomeadamente para Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.

O poema que se segue é uma poesia muito ao gosto dos alexandrinistas, é uma poesia cheia de fina ironia.

Ide-vos daqui, ide, ocos empolamentos de retórica
palavras inchadas com estalhadarço não ático
E vós, o Célio, ó Tarquício, ó Varrão
Corja de pedantes a pingar de gordura
Ide-vos daqui, címbalo louco da minha juventude.
E tu, ó Sexto Sabino, cuidado dos meus cuidados
fica bem: ficai bem meus caros
Nós levantamos ferro em direcção aos pontos prósperos
Procurando doutas doutrinas do grande Sirão
E libertaremos a vida de todos os cuidados.
Ide-vos daqui, Musa; apre! Vós também ide já
Doces Musas (confessaremos a verdade,
fostes doces): e contudo no futuro
visitai de novo os meus escritos,
mas discretamente e poucas vezes.
(*) - Poema retirado do Blog:
Humanae Litterae


3 comentários:

Gabriela Rocha Martins disse...

o prémio
o mérito

recordar Virgílio -
a sua lírica
- um eterno gosto - uma preciosidade

bem hajas!


.
um beijo

Anónimo disse...

Virgílio é sem dúvida um dos grandes da humanidade.
Foi bom passar aqui.

Silvestre Raposo disse...

Parabens atrazadissimos João preciso falar contigo e perdi os nºs que estavam no tm agradecia contacto abraço