quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Do livro dos Salmos Hereges, Cântico dos Líquidos II

....................... Quadro de Fernando Lemos............................................
Precedo o alastro das mãos sob a incandescência das frísias.
Desses-me os três beijos do crime a tua saliva purificação do dilúvio
maior do que a da água.
Pelo rizoma de teus pântanos acúleos pântano perfurado o teu murmúrio
feras confusas apaziguam-te.
O
Prolonga-me na tua pele renasceremos enlouqueceu-me o búzio nas suas insónias
ressuscitaremos irromperemos
sob tua pele beberemos tua saliva na purificação contornos nós
puros antíscios que te apaziguam.
Vermelho e belíssimo ó sangue do sagrado ser igual oceano primordial
raízes de caminhos de azulíneo e pérgulas de mãos atravessadas.
Não me sufoqueis desenvolto envolveu-me o voo os opiáceos
meus reflexos fracturados
contra o corpo me ordenaram laminar os loucos a minha insidiosa loucura
que não laminei desenvolto
em sete camadas de áleas de roseiras e bruma azul.


O

Tu aquela que perfurou minhas sílabas indica-me onde corres duende
a imolar ou permaneces
nas vigílias. Porque hei-de sugar as seivas puras ignotas fendas
sobre os filamentos do fogo?
Se não fecundas em ti a borboleta o corpo será das rochas ávidas vai
regressar à água torrencial
das lavas imolar tuas feridas próximo das gargantas vulneráveis faíscas
os quatro vulcões.
Tu meu presságio da asfixia das áscuas te experimentei limpo dobrado
nos presságios meu peregrino
das sete camadas sobre os sulcos da água sulco maternal da terra e do fogo
na boca prenhe dos quatro rios.

O

Ah que benévola a minha morte que benévola artrópodes e hulhas
hulhas da linfa.
Ah que benévolo o meu destino também aprazível também o nosso
acto de sangue sem água.
Romper o tecido da memória a construção entre as sementes
do crime purificador
as forças outrora a unidade originária o alastro múrmur da água
saliva purificando a queda.
João Rasteiro

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