sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Surrealismo II

Legenda: João Rasteiro, Fernando Lemos e Régis Bonvicino - Universidade de Coimbra, 2004.
Fernando Lemos nasceu em Lisboa, em 1926. Actualmente, reside em São Paulo, no Brasil. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e o curso livre da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Com um percurso profissional ligado às artes gráficas e à publicidade, Fernando Lemos circula por muitos territórios da arte ao longo do seu percurso. A sua obra multifacetada estende-se ao domínio da poesia, pintura, do desenho, da ilustração e à fotografia, campo que alcançou maior visibilidade pública nos últimos anos. Foi Prémio Nacional de fotografia, 2001, Centro portugês de Fotografia, Porto.
O Surrealismo Português no olhar de Fernando Lemos:
"Não me sinto um fotógrafo. Sou um derivado das artes plásticas e da poesia, afirma Fernando Lemos".
Naquele dia, Alexandre O'Neill falava em suicidar-se mas os amigos deram-lhe, literalmente, a volta à cabeça. O momento ficou registado na câmara fotográfica Flexaret de Fernando Lemos eis o poeta de cachimbo no canto da boca, a gravata sob o pulôver e o cabelo em desalinho devido às mãos amigas e mexeriqueiras. Lavagem Cerebral é uma das 117 fotografias de Fernando Lemos que incorporaram recentemente a Colecção Berardo e foi em volta delas que se organizou a exposição "Fernando Lemos e o Surrealismo" no Museu de Arte Moderna de Sintra.
Artista plástico, dedicou--se à fotografia "por curiosidade". "No nosso grupo, a fotografia não era muito utilizada, só como experiência. E eu decidi experimentar para ver se conseguia dar uma imagem compatível com o nosso país e com as nossas gentes que não fosse apenas paisagem. Queria fazer uma coisa mais ligada à psicologia humana", recordou em entrevista ao DN, sentado na cadeira de rodas, quando visitou a exposição.

Não lhe interessava o lado documental, antes a procura de uma certa "poética lúdica" "A gente tinha liberdade para brincar. Nem a realidade a gente tomava a sério, quanto mais a nossa arte." E o desafio era também tecnológico - fotografava duas e três vezes sobre o mesmo negativo, apostando no "acaso", recorria à solarização, produzia efeitos que depois descobria na revelação. "Sente-se o pintor na fotografia de Fernando Lemos", escreveu em 1953 Manuel Bandeira. "Não retoca nunca. Tudo o que ele obtém é exclusivamente por meio da máquina."
Entre as suas imagens, encontramos a abstracção total, o olhar inusitado sobre o quotidiano (paisagens pouco convencionais, como as obtidas em Moledo, quando visitava o amigo António Pedro), o erotismo dos nus e os retratos, porventura as suas imagens mais conhecidas. Fernando Lemos fotografou os seus pais, os amigos e os familiares dos amigos. Lá está Vespeira e ao lado Maria Albertina, a mulher. Lá está Fernando Azevedo, mas também Maria Emília Azevedo. Nora Mitrani, a quem O'Neill disse adeus. Sophia de Mello Breyner (numa foto a que chamou A Guerreira) e os seus filhos (A Prole). Jorge de Sena, Vieira da Silva e Arpad Szenes, José Augusto França, Casais Monteiro, Augusto de Figueiredo (de mãos sobre o rosto na famosa Recusa de Identidade). "É o retrato de uma vivência, da minha juventude, todo um percurso com um grupo de pessoas. Porque eu só retratava pessoas com quem tinha contacto. Eles não só respeitavam o meu trabalho como se tornaram cúmplices das minhas experiências", explica o autor. "Eu não me sinto um fotógrafo", declara sem espanto Fernando Lemos. "Sou um derivado das artes plásticas e da poesia, mexo-me noutras áreas", diz, explicando assim o facto de a sua obra fotográfica se concentrar em apenas quatro anos, de 1949 a 1952.
Quando partiu para o Brasil, onde vive até hoje, fugindo das pressões políticas e das vistas curtas do país de Salazar, Fernando Lemos iniciou uma nova etapa da sua carreira, participou dos movimentos que então cresciam no Brasil (o país estava entusiasmado com o desenvolvimento tecnológico, surgiram o concretismo, as primeiras bienais e galerias de arte) e deixou de lado a máquina fotográfica. "Tenho fotografado, mas não necessariamente com os mesmo objectivos, fiz muitas coisas com os meus filhos. E cheguei a ter uma empresa de fotografia de moda, que foi um fiasco", ri-se. (maria joão caetano - Diário de noticias).
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Representado em diversas antologias e revista de poesia, dos seus livros, destacam-se: Teclado Universal (1952), Líricas Portuguesas (1985), Cá & Lá: Poesias (1985). Em 2004 Fernando Lemos integrou o programa dos 4º Encontro Internacional de Poetas - Universidade de Coimbra.
OBJETIROU
um instrumento precursor do industrial
design.
Foi dos primeiros objectos seriados
designados pelo
homem.
Espécie prioritária.
Uma bala puxa a outra.
Com aspectos semânticos e morais
definidos.
Faz a guerra e faz a paz.
Ataca e defende.
Proposta de tiro sem impressão digital.
Indispensável no desenvolvimento de
qualquer sociedade.
Fernando Lemos
http://blografiascomluz.blogspot.com/2005/04/biografia-01-fernando-lemos.html

1 comentário:

Anónimo disse...

olha quem ele é!!!!!!!!!!!!1

M.V.