João Cabral de Melo Neto é um dos maiores nomes da história da literatura brasileira.
João Cabral, apresenta-nos uma poesia que é um marco dentro da poesia em língua portuguesa. A sua obra desencadeou uma revolução formal das mais importantes na história da poesia brasileira e até da poesia em língua portuguesa. Ela representa a maturidade das conquistas estéticas mais radicais do século XX. Em 1980, o poeta afirmava: "A poesia funciona como um pêndulo. Numa hora oscilou para o rigor e eu coloco aí o concretismo e a práxis. Agora o relógio vai noutra direcção (...). Parece que as pessoas criam em dois minutos, de um só jacto, e que não têm paciência de ler".
João Cabral, opondo-se ao principal curso da poesia brasileira, sempre sentimental, retórica e ornamental, constrói uma poesia "não-lírica", não confessional, presa à realidade que o cerca e essencialmente dirigida ao intelecto.(...)
Para João Cabral, o acto de escrever consistiu sempre, num trabalho imenso de depuração, as palavras sempre saboreadas e seleccionadas pelo seu "sabor" e "peso", não podendo "boiar" sem norma e/ou reflexão(...) -
CORSINO FORTES e JOÃO CABRAL de MELO NETO ou OS ARTÍFICES da PALAVRA, João Rasteiro - http://www.triplov.com/
Tecendo a manhã1.Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
QUESTÃO DE PONTUAÇÃO1.Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);
2.
viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
3.o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.
João Cabral de Melo Netohttp://triplov.com/poesia/joao_rasteiro/Corsino-Fortes/Joao-Cabral-busca.htmhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cabral_de_Melo_Netohttp://www.casadobruxo.com.br/poesia/j/joao.htm
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