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E foi precisamente com Corsino Fortes, poeta maior da língua portuguesa, e com quem estive pessoalmente pela primeira vez, que confraternizei e sobretudo aprendi. E, sobretudo, fiquei profundamente admirado, por Corsino Fortes me referir o facto de já algum tempo tentar saber quem era este humilde escriva, só pelo facto de ter tido acesso a um pequeno ensaio - "CORSINO FORTES e JOÃO CABRAL de MELO NETO ou OS ARTÍFICES da PALAVRA" - que elaborei para a cadeira de Lietraturas Africanas II, ensaio que logicamente possui determinados "defeitos" e condicionalismos inerentes ao seu objectivo, mas que de alguma forma terá agradado ao poeta, que o leu no site. (www.TRIPLOV.COM).
Corsino Fortes, esposa e João Rasteiro
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Como refiro no ensaio, "CORSINO FORTES é sem sombra de dúvidas uma das maiores vozes da poesia em língua portuguesa das últimas décadas. É inegável, que a osmose e a identificação entre o Poeta e a Palavra, entre a Palavra e a consciência nacional, ou sentido de Pátria, é não só um facto, mas o facto capital da sua poesia. Para Corsino, na sua poesia, embora escrita e "cantada" em Português, todo o "material e/ou mobiliário" deverá ser, é, de identificação Cabo-Verdiana, na sua fatia universal, da sua experiência humana, da sua coexistência, do seu conteúdo e podendo-se inclusive afirmar, da sua semântica".
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A Cabeça calva de Deus apresenta-se-nos como uma trilogia fundacional e épica da história do país, e que nos revela com o último livro, fundamentalmente, a vertente arqueológica e cultural, ao executar nos três cantos a substância solar da criatividade cabo-verdiana, nas suas múltiplas vertentes, quer seja ao nível musical, pictórica, literária, política, etc, que ductilizam a dureza mineral das ilhas no paciente requebro nostálgico da morna, na ordem compassada do rondó, ou no ritmo agitado e harmónico da antiga mazurca ou do funaná. (www.TRIPLOV.COM).
"A sua poesia é assim, uma poesia fundacional e da identidade, condensando o universo Cabo-Verdiano, configurado num percurso que vai da anunciação da libertação do país(primeira fase), passando pela sua exaltação(segunda fase) e acabando na sua mitificação". (www.TRIPLOV.COM).(...)
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A cabana oca de vocábulos
I
Agosto arranca as âncoras do deserto
Depondo-as
....................................Às portas do povoado
Setembro cresce ossos & ventre
E da barriga de Outubro
................................Ouvia-se
O crocitar das sementes da erosão
Aqueles que sem embargos do sétimo dia
Partem do umbigo das três ribeiras
Trazem no enlaço dos destinos
A cana-de-açúcar como oxiúros
Quem não ama? os navios loucos da minha aldeia
Abalroam na planura! nos baixios
..................................Os casebres da vizinhança
À procura de mastro & oceano no olho das salinas
De Boca a Barlavento I
Esta
Esta
.........a minha mão de milho & marulho
Este
.........o sól a gema E não
.........o esboroar do osso na bigorna
.....................................................E embora
O deserto abocanhe a minha carne de homem
E caranguejos devorem
..........................esta mão de semear
Há sempre
Pela artéria do meu sangue que.g
......................................o
......................................t
......................................e
......................................j
......................................a
.............................De comarca em comarca
A árvore E o arbusto
Que arrastam
As vogais e os ditongos
...................para dentro das violas
ILHA
Sol & semente: raiz & relâmpago
Sol & semente: raiz & relâmpago
Tambor de som
Que floresce
A cabeça calva de Deus.
Corsino Fortes
Corsino Fortes
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