quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ezra Pound - A arte da poesia

O poeta - P.Picasso (1911)
“Não use palavras supérfluas, nem adjetivos que nada revelam. Não use expressões como dim lands of peace (brumosas terras de paz). Isso obscurece a imagem. Mistura o abstrato com o concreto.Provém do fato de não compreender o escritor que o objeto natural constitui sempre o símbolo adequado.
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Receie as abstrações. Não reproduza em versos medíocres o que já foi dito em boa prosa. Não imagine que uma pessoa inteligente se deixará iludir se você tentar esquivar-se obstáculo da indescritivelmente difícil arte da boa prosa subdividindo sua composição em linhas mais ou menos longas. O que cansa os entendidos de hoje cansará o público de amanhã. Não imagine que a arte poética seja mais simples que a arte da música, ou que você poderá satisfazer aos entendidos antes de haver consagrado à arte do verso uma soma de esforços pelo menos equivalente aos dedicados à arte da música por um professor comum de piano. Deixe-se influenciar pelo maior número possível de grandes artistas, mas tenha a honestidade de reconhecer sua dívida, ou de procurar disfarçá-la. Não permita que a palavra “influência” signifique apenas que você imita um vocabulário decorativo, peculiar a um ou dois poetas que por acaso admire. Um correspondente de guerra turco foi surpreendido há pouco se referindo tolamente em suas mensagens a colinas “cinzentas como pombas”, ou então “lívidas como pérolas”, não consigo lembrar-me. Ou use o bom ornamento, ou não use nenhum”.
POUND,Ezra. Arte da Poesia, Ensaios. Tradução de Heloysa de Lima Dantas e Paulo Paz. São Paulo: ed. Cultrix, 1976, p.11-12 .
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THE BATH TUB
As a bathtub lined with white porcelain
When the hot water gives out or goes tepid,
So is the slow cooling of our chivalrous passion,
O my much praised but-not-altogether-satisfactory lady.
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A BANHEIRA
Como uma banheira alinha a porcelana branca
Quando a água quente se esgota ou torna-se morna,
Assim é o lento refrescar da nossa paixão cavalheiresca,
Oh minha muito louvada mas-não-de-todo-satisfatória senhora.
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FRATES MINORES
With minds still hovering above their testicles
Certain poets here and in France
Still sigh over established and natural fact
Long since fully discussed by Ovid.
They howl. They complain in delicate and exhausted metres
That the twitching of three abdominal nerves
Is incapable of producing a lasting Nirvana.
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FRATES MINORES
Com mentes ainda pairando sobre seus testículos
Certos poetas aqui e na França
Ainda suspiram sobre o fato estabelecido
Há muito esgotado por Ovídio.
Eles uivam. Queixam-se em metros delicados e exaustos.
Que o espasmo de três nervos abdominais
É incapaz de produzir um Nirvana duradouro.
Tradução: Virna Teixeira
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Carmina Burana O Fortuna - Carl Orff

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Ezra_Pound
http://www.culturapara.art.br/opoema/ezrapound/ezrapound.htm

2 comentários:

Gabriela Rocha Martins disse...

excelso,

hoje estamos em lento adormecer
a adornar os dedos ,utilizando.os por interpostos POETAS

,ou por conveniência ,SERÁ?



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um beijo

Anónimo disse...

Pound, simplesmente o exemplo máximo, na distinção entre os valores do ser humano e as qualidades extraordinárias enquanto poeta e escritor (um gos "grandes").