Os mortos
os mortos vêem o mundo eventualmente ouvem, Ausentes . Arte poética
pelos olhos dos vivos
com nossos ouvidos,
certas sinfonias
algum bater de portas,
ventanias
de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
se de fato
quando vivos
acharam a mesma graça
Não quero morrer não quero
apodrecer no poema
que o cadáver de minhas tardes
não venha feder em tua manhã feliz
e o lume
que tua boca acenda acaso das palavras
- ainda que nascido da morte -
some-se aos outros fogos do dia
aos barulhos da casa e da avenida
no presente veloz
Nada que se pareça
a pássaro empalhado, múmia
de flor
dentro do livro
e o que da noite volte
volte em chamas
ou em chaga
vertiginosamente como o jasmim
que num lampejo só
ilumina a cidade inteira
Adriana Calcanhoto - "Traduzir-se" (F. Gullar)
1 comentário:
como eu te gosto
meu amigo
de ler
ouvir
e re começar
de novo
a brincadeira dos verbos
ler
ouvir
deixar
.
um beijo
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