O território dos anjos
esta é a nascente o horto
dos anjos
a luz interrompida do espigão
velhas falas do jardim do éden
Hebrom entrançado
talhado em línguas de delírio torrente espraiada
o milagre em ti sedento ser rupestre
das acácias tenras no golpe
coroas vermelho-cereja geografias
um jardim flor as entranhas do casulo
florindo o desastre
a reincidência das cobras
a terra do júbilo o sémen demoníaco
sob as luas da velha cidade esférula
tanta chuva vermelha
manhãs ausentes de vozes concêntricas
OOO
o dia os dias das preces
sílabas dos lábios do Mediterrâneo raiado
o metal despojado dobrado fundente
brilho do mar o sal nas veias abertas
os antigos corpos fendas à saída de Khan Yunis
vulcões de roseiras bravas
animais cegos
vagueando em círculos a verdade
na convulsão dos anjos
a extracção do ferrão
OOO
toda a cegueira
os olhos de pedra numa cidade de chumbo feroz
na hora das silhuetas o metal irrompemdo fresco
o coração dos sábios
o sísmico fascínio
do crime indistinto
procurando o equilíbrio sagrado da estocada
no monte das tentações
corpos anjos demónios a respiração
o hálito carnívoro das raízes do mel
um rasgão de asas na súplica do verbo.
João Rasteiro - In, O Búzio de Istambul, 2008
.........................A cada não que dizes - Pedro Abrunhosa
.
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http://caderno.josesaramago.org/2008/12/31/israel/
3 comentários:
"tanta chuva vermelha "...
Que bom seria se a chuva fosse de luz em cada instante...
Bom Ano para si...
“ um rasgão de asas na súplica do verbo “
ou a essência da luz.
O poeta sabe isso.
L.C.
quando Te reencontro
poeta
remeto.me
ao BREVE silêncio do verbo
.
um beijo
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