sexta-feira, 23 de maio de 2008

A construção do (corpo) mundo

Ao Carlos e à Luísa (eu sei que eles me escutam) - Beijo.
A tecedeira
..........."A tecedeira criou o mundo"
............-Ana Paula Tavares-
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A tecedeira reduziu a memória seca
a nada, como as mãos depois da alegria
do pânico. Nos arcos negros de espaço
o branco da solidão. Movimentos lascados
de sol, ao anoitecer. A carne opaca.

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A tecedeira criou o lume absoluto
de fogo, como dedos de sofrimento
da água. Nada fermenta na sílica
límpida do carvão. As fibras mutáveis
da terra, sob líquidos. A língua espelhada.
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A tecedeira mastigou o liço obsceno
da luz, como a carne excelsa do céu
das vozes. Nas metamorfoses eólicas
uma ígnea linha. Na mecânica nocturna
da viagem, as cores. Os olhos alquímicos.
Inédito - 2005
João Rasteiro
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Chico Buarque - CONSTRUÇÃO

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu sei que eles te escutam joão, obrigado.
Um grande beijinho. Patricia.

Anónimo disse...

João, é um escelente poema. somos nós que tecemos a vida ou é ela que nos tece a nós? questão complexa.
Um forte abraço,
Carlos S. Torrado

Anónimo disse...

É um eclente e lindo poema.
o X