domingo, 30 de março de 2008

Lugares

H. Bosch - O jardim das delícias
Antes ramos e rosas
Ao A. Ramos Rosa

Ter um corpo de branco, um eco
todo silêncio: palavra!
Vozes, céu, terra, linho, o acto desnudo
fresco e fresco, fresco
e mãos acesas de sexos iniciais de imensos universos.
Um eco: uma língua
quase frémito, no coração dos hortos , completa e contínua.

Um corpo que morre no sabor entre as palavras
sobre o rosto incandescente do espanto: deus
nas talhas, no barro, no fresco, no sangue,
pai, filho, sílaba e espírito obscuro
de paragens, sopros, paisagens, círculos e hortos,
a terra branca, límpida nas veias: antes ramos e rosas.

O Corpo?
Um corpo de água?
O animal atónito, inabitado?
Um animal de branco, desejos no interior de constelações
sumptuosas, a terra aberta, silêncios: toda a terra, branca.

Não conheço esse corpo fresco, não fui a esse branco
espaço de todas as palavras, o hálito vivo da inquietação,
a respiração inaudível das formas nuas: antes ramos e rosas.
In, O Búzio de Istambul - 2008
http://br.youtube.com/watch?v=pRV9QCXLtHQ

3 comentários:

jorge vicente disse...

antes ramos e rosas.

e poemas como os teus.

um grande obrigado
jorge vicente

hora tardia disse...

"Não conheço esse corpo fresco, não fui a esse branco
espaço de todas as palavras, o hálito vivo da inquietação,
a respiração inaudível das formas nuas: antes ramos e rosas."

que fosse só por "isto"...
e já valia a pena.



abraço.


parabéns!

Anónimo disse...

E "só" por "estes" comentários, vale a pena continuar a escrever.
Abraços poéticos.