segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Prémios II

Gastão Cruz e João Rasteiro
O poeta Gastão Cruz foi o vencedor da 28.ª edição do Prémio literário do P.E.N. Clube Português relativo a obras editadas em 2006, na modalidade de poesia. O livro distinguidos foi A Moeda do Tempo. O júri da Poesia foi constituído por Maria João Reynaud, Fernando J. B. Martinho e Manuel Simões.
(fonte: Diário Digital)
"Um conjunto de poemas nocturnos onde paira, mesmo se fugidia, a sombra da morte ¿ entre insónia e acédia. Além de evocações pessoais (Abelaira, Ramos Rosa, Fiama), regressam os temas recorrentes: a casa, o silêncio, a matéria difusa do amor, a música, o cinema ou as memórias de infância que ressuscitam um Algarve mítico (com a ria ao fundo). É uma poesia austera, subtilmente lírica, complexa e densa, feita de versos que `transformam em realidade as sílabas que os formam."
JMS, Diário de Notícias

O poema que segue pertence ao livro CRATERAS, 2000

Árvores

São plátanos palmeiras castanheiros
jacarandás amendoeiras e até as
oliveiras que
quando a noite cai na infância formam uma
cortina escura na estrada frente à casa
árvores apagando os dias que a memória
avidamente esconde
no corpo do seu gémeo Penetra inutilmente
na terra essa raiz do branco plátano
adolescente
e o campo do tempo onde as palmeiras eram
pilares do corpo nu símbolo de
si mesmo, à luz
do dia fixo, já se estende
na húmida manhã dos castanheiros
Esquecimento que tudo enfim possuis
e geras
a ofuscante luz igual à da
memória, do tempo como ela
filho, construtor da ausência,
em vão te invoco Tu
que mudas a roxa amendoeira
em brancas flores do jacarandá
entrega a minha vida às árvores
que foram na manhã e no crepúsculo
no meio-dia e na noite, palavra
clara que traz o dia em si fechado
Gastão Cruz


1 comentário:

Anónimo disse...

Uma beleza o seu novo blogue, farto de matérias interessantes, vou levar
algum tempo até percorrê-lo e degustá-lo todo. Tudo ali me interessa de
perto (tantos poetas, tantos amigos comuns!), espero que a periodicidade
não seja semanal, nem quinzenal. Vejo, com um pouco de apreensão, a
data, ali acima: 5 de novembro, hoje mesmo... Peço-lhe: aguarde alguns
dias até renová-lo.

E receba o abraço fraterno do seu

Carlos Felipe