domingo, 25 de novembro de 2007

PRÉMIOS VI


O poeta, ficcionista e editor valter hugo mãe (na escrita do autor as maiúsculas estão ausentes) venceu a edição de 2007 do Prémio Literário José Saramago com a obra “o remorso de baltazar serapião”.No anúncio a presidente do júri, Guilhermina Gomes, revelou a unanimidade da decisão de um júri "especial e dificilmente alcançável": Maria de Santa Cruz, Nazaré Gomes dos Santos, Manuel Frias Martins, Nélida Piñon, Pilar del Rio, Vasco Graça Moura e Ana Paula Tavares. Ao receber o prémio, valter hugo mãe afirmou: “Estou muito aflito. É profundamente chocante receber este prémio desta forma. Estou habituado a pensar na escrita como um exercício de solidão e hoje sinto-me muito acompanhado”. O escritor que dá o nome ao galardão, José Saramago, classificou o livro como um “tsunami”. Saramago acrescentou que o adjectiva assim “no sentido total, linguístico, estilístico, semântico e sintáctico. Não no sentido destrutivo, mas no sentido do ímpeto e da força”. O premiado garante que a sua “forma de protestar é expôr, e o livro manifesta de uma forma asquerosa o que alguns homens pensam sobre as mulheres”.A obra premiada conta a história de uma família na Idade Média, onde o protagonista, baltazar, que vive entre a pobreza e a violência, descobre que a vaca, animal de estimação, tem tanta importância como a sua mãe. Porém, no meio da escuridão, baltazar vê a luz: Chama-se ermesinda e é a mais bela e ajuizada da aldeia. Os protagonistas casam-se e, pouco tempo depois, o senhor exige a ermesinda que o visite todos os dias pela manhã, antes da sua mulher acordar. O que se passa nos encontros ninguém sabe, mas é o suficiente para baltazar enlouquecer.Escrito numa linguagem que pretende representar a língua arcaica e rude do povo ignorante medieval, “o remorso de baltazar serapião” é um livro sobre o poder sinistro do amor e uma metáfora da violência doméstica.
Alguns dos seus poemas estão traduzidos e editados em espanhol, francês, inglês, checo e árabe.
poema
o conjunto de todos os
nomes é o nome de
deus, enumeramos o diabo
e as suas questões como
dobra do nosso pecado, e não
desperdiçamos palavra alguma,
somos os mais silenciosos
súbditos, uma oferenda
débil como um peixe
ainda turvo fora de água
valter hugo mãe

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