sábado, 10 de novembro de 2007

O Juízo Final


O território dos anjos


esta é a nascente o horto
dos anjos
a luz interrompida do espigão
velhas falas do jardim do éden
Hebrom entrançado
talhado em línguas de delírio torrente espraiada
o milagre em ti sedento ser rupestre
das acácias tenras no golpe
coroas vermelho-cereja geografias
um jardim flor as entranhas do casulo
florindo o desastre
a reincidência das cobras
a terra do júbilo o sémen demoníaco
sob as luas da velha cidade esférula
tanta chuva vermelha manhãs ausentes de vozes concêntricas

O

o dia os dias das preces
sílabas dos lábios do Mediterrâneo raiado
o metal despojado dobrado fundente
brilho do mar o sal nas veias abertas
os antigos corpos fendas à saída de Khan Yunis
vulcões de roseiras bravas
animais cegos
vagueando em círculos a verdade
na convulsão dos anjos
a extracção do ferrão

O


toda a cegueira os olhos de pedra numa cidade de chumbo feroz
na hora das silhuetas o metal irrompemdo fresco
o coração dos sábios
o sísmico fascínio
do crime indistinto
procurando o equilíbrio sagrado da estocada
no monte das tentações
corpos anjos demónios a respiração
o hálito carnívoro das raízes do mel
um rasgão de asas na súplica do verbo.

João Rasteiro

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei bastante do poema(pela sua temática e técnica)e também do Blog - está muito bonito.
Um beijo,
Paula C.